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Ex-refém acusa terroristas de estuprar esposa e matar filha

14 de outubro de 2017

Ao desembarcar em Toronto, canadense Joshua Boyle acusa grupo ligado ao Talibã de ter estuprado sua esposa e matado uma filha recém-nascida. Família permaneceu cinco anos em poder dos terroristas no Afeganistão.

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Joshua Boyle chega ao aeroporto de Toronto
Joshua Boyle deu declarações logo após desembarcar no aeroporto de Toronto, no CanadáFoto: picture alliance/dap/AP Photo/Canadian Press/N. Denette

O canadense que por cinco anos foi refém de um grupo ligado ao Talibã acusou seus raptores de terem assassinado sua filha recém-nascida e estuprado sua mulher durante o longo período de cativeiro da família no Afeganistão.

Ele fez as acusações durante a leitura de uma declaração, no final da noite desta sexta-feira (13/10), após desembarcar no aeroporto de Toronto ao lado da esposa, Caitlan Coleman, e dos três filhos do casal, nascidos durante o período de cativeiro.

Numa mensagem enviada mais tarde para a imprensa canadense da casa de seus pais, em Smiths Falls, a cerca de 80 km de Ottawa, Boyle declarou que a família chegou bem "ao primeiro lar que seus filhos conheceram".

Boyle, que tem 34 anos, e a esposa foram sequestrados pela rede terrorista Haqqani numa área remota do Afeganistão em 2012 e libertados nesta quarta-feira por tropas paquistanesas que agiram com base em informações repassadas pelos Estados Unidos.

Visivelmente abalado, Boyle declarou aos repórteres que o aguardavam no aeroporto que o grupo terrorista ordenou o assassinato do bebê – uma quarta criança, da qual até então não se tinha notícia – como retaliação por ele ter se recusado a aceitar uma oferta, sem especificar qual era.

"A estupidez e o mal do rapto, pela rede Haqqani, de um peregrino e sua esposa em gravidez avançada, dedicados a ajudar pessoas simples em áreas controladas pelo Talibã no Afeganistão, foi ofuscada apenas pela estupidez e o mal da autorização do assassinato da minha filha, um bebê", declarou.

"E pela estupidez e o mal do subsequente estupro da minha mulher, não como o ato solitário de um único guarda, mas auxiliado pelo capitão da guarda e supervisionado pelo comandante", acrescentou. Ele identificou esse comandante pelo nome de Abu Hajr.

Boyle disse que o assassinato e o estupro ocorreram em 2014, cerca de dois anos depois de eles terem sido raptados. Ele acrescentou que o Talibã confirmou que os crimes ocorreram numa investigação em 2016 e apelou aos líderes do grupo para que tomem providências contra os criminosos.

A família foi resgatada por soldados paquistaneses quando estava sendo transportada pelos terroristas para uma zona tribal no Paquistão, perto da fronteira afegã, numa operação que foi possível por causa de informações fornecidas pelos serviços de inteligência americanos.

Boyle negou relatos de que teria se recusado, na quinta-feira, a embarcar num avião militar dos Estados Unidos, preferindo voltar para o Canadá. A família embarcou num voo comercial com destino a Londres antes de partir rumo a Toronto.

Boyle foi casado com uma mulher que defendia pontos de vista extremistas islâmicos e é irmã de um ex-prisioneiro de Guantánamo, Omar Khadr. Boyle participou ativamente da campanha pela libertação de Khadr, o que aconteceu em 2012, quando ele foi transferido para o Canadá.

Não está bem claro como Boyle e a esposa grávida foram parar numa área controlada pelo Talibã. O pai de Coleman criticou o genro numa entrevista à emissora ABC. "Levar sua mulher grávida para um lugar extremamente perigoso, para mim, para a pessoa que eu sou, é inescrupuloso", afirmou Jim Coleman.

AS/dpa/afp/ap