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Ex-chefe do FBI compara Trump a mafioso

13 de abril de 2018

Em livro de memórias, James Comey, demitido pelo presidente americano, acusa o magnata de ser antiético, não prezar pela verdade e exercer uma liderança movida pelo ego e lealdade pessoal.

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James Comey: em livro, ele detalha sobre suas interações com o presidente
James Comey: em livro, ele detalha sobre suas interações com o presidenteFoto: picture-alliance/dpa/AP/J. S. Applewhite

O ex-diretor do FBI James Comey comparou a liderança exercida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com as das organizações mafiosas que costumava combater quando atuava como promotor público.

A imprensa americana antecipou nesta quinta-feira (12/04) a divulgação de trechos do livro "A higher loyalty" (Uma lealdade superior, em tradução livre) de Comey, ainda não lançado oficialmente. Nele, o ex-chefe da polícia federal americana acusa o presidente de ser antiético, não prezar pela verdade e afirma que sua presidência é movida pelo ego e pela lealdade pessoal.

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O título do livro faz referência à "lealdade" que Comey afirma ter sido pedida por Trump antes de demiti-lo, há quase um ano. O ex-diretor do FBI diz ter sido afastado em razão das investigações sobre uma possível interferência russa nas eleições de 2016.

Em depoimento ao Senado em junho do ano passado, Comey disse que Trump o pressionou para que abandonasse o inquérito envolvendo o ex-assessor de Segurança Nacional da Casa Branca Michael Flynn.

No livro, Comey revela detalhes sobre suas interações com o presidente e as decisões tomadas durante as investigações sobre os e-mails de Hillary Clinton pouco antes das eleições presidenciais. Ele descreve Trump como um chefe da máfia que busca distorcer os limites entre a política e a aplicação da lei.

"O círculo silencioso de consentimento. O chefe em completo controle. Os juramentos de lealdade. A concepção do mundo de nós contra eles. A mentira sobre todas as coisas, grandes e pequenas, ao serviço de algum código de lealdade que coloca a organização acima da moralidade e da verdade."

Comey afirma que todos esses fatores o fizeram lembrar de sua época como promotor em Nova York, onde combatia organizações mafiosas.

O livro menciona também a obsessão por um relatório não verificado de um espião britânico, onde consta que, em 2013, Trump teria contratado várias prostitutas em Moscou que foram levadas para a sua suíte no hotel Ritz Carlton.

Segundo o documento, Trump teria ordenado às prostitutas que urinassem nos colchões da suíte presidencial, a mesma onde o então presidente Barack Obama e a primeira-dama, Michelle, ficaram hospedados durante uma visita a Moscou.

No livro, Comey diz que Trump lhe falou sobre o episódio – ao qual se referia como "a coisa da chuva dourada" – em pelo menos quatro ocasiões ao longo dos pouco mais de quatro meses de convivência.

Trump "negou as acusações, perguntando – de forma retórica, presumo – se ele parecia o tipo de homem que necessita contratar prostitutas". O presidente pediu que o FBI investigasse o caso para provar que era falso, já que "ele estava preocupado que houvesse 'inclusive 1% de possibilidade' que sua mulher, Melania, pensasse que era verdade".

Na última das conversas que teve com Comey, Trump teria perguntado, por exemplo, o que podia fazer para "dissipar a nuvem" do escândalo que estava sendo "muito doloroso" para sua esposa.

A demissão de Comey em maio de 2017 levou à nomeação do procurador especial Robert Mueller para investigar o caso da suposta ingerência russa. O inquérito acabaria ampliado para avaliar, entre outras questões, se o presidente cometeu crime de obstrução da Justiça ao demitir Comey.

"A presidência de Trump ameaça muito do que temos de bom nessa nação", escreveu Comey. Segundo ele, esse governo é como um "incêndio florestal" que nem mesmo os membros mais éticos do próprio governo podem conter.

RC/efe/ap

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