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Gaza

DW/Agências (sv)18 de janeiro de 2009

"Solução de dois Estados" é defendida por líderes europeus para pôr fim ao conflito entre israelenses e palestinos. Especialistas dos dois lados apontam proximidade cotidiana como caminho para estabelecer a paz.

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Cúpula internacional no Egito debate conflito na Faixa de GazaFoto: AP

A convite do chefe de governo do Egito, Hosni Mubarak, foi realizada no país uma cúpula de debate sobre os conflitos no Oriente Médio. Do encontro no balneário Sharm el Sheik, nas margens do Mar Vermelho, participam líderes europeus como a chanceler federal Angela Merkel, o presidente francês Nicolas Sarkozy e o premiê britânico Gordon Brown.

Dois Estados

Merkel salientou a necessidade de que se ponha um fim no tráfico de armas para a Faixa de Gaza, afirmando que Berlim se dispõe a contribuir mais intensamente para resolver esse problema. Segundo a premiê alemã, "a solução de dois Estados é a única possibilidade" de paz para uma convivência pacífica entre israelenses e palestinos.

"Este é o início de nosso caminho rumo ao estabelecimento de dois Estados: um israelense e um palestino", afirmou também Sarkozy. O presidente francês defendeu ainda uma abertura imediata das fronteiras da Faixa de Gaza, a fim de que a ajuda humanitária possa ser prestada aos civis atingidos no conflito. Além disso, Sarkozy ressaltou a necessidade de que seja oferecido auxílio técnico ao Egito, a fim de cessar o tráfico de armas do país para a Faixa de Gaza.

Sharm el-Sheik - Ban Ki-moon, Merkel, Sarkozy
Merkel, Ban Ki-Moon e Sarkozy: reunião no Egito em busca de soluçãoFoto: AP

Também o ex-premiê britânico Tony Blair, enviado especial à região, defendeu a "solução de dois Estados" para pôr fim ao conflito na região. Blair afirmou que é preciso iniciar um "processo realmente verossímil", que leve ao estabelecimento dos dois Estados. Segundo ele, caso isso não aconteça, a atual trégua na região não deverá se manter nem mesmo a curto prazo.

O premiê Gordon Brown defendeu também a abertura das fronteiras da Faixa de Gaza e um fim dos ataques do lado palestino, a fim de que se tenha "tranquilidade em toda a região".

Longo caminho

Dizendo estar "aliviado" com o cessar-fogo, o ministro alemão do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, salientou que "mesmo se não voarem mais explosivos, o caminho para a paz ainda será longo". Segundo ele, todos os lados envolvidos deverão se mostrar "decisivos e com firme vontade" de pôr fim ao conflito.

Steinemeier defendeu também um maior engajamento da comunidade internacional na procura de uma solução para os problemas no Oriente Médio e afirmou que "se empenhará pessoalmente nos próximos dias", em prol da questão. O ministro alemão viajou duas vezes, nos últimos dias, à região.

Diálogo: única alternativa

Os 22 dias de conflito entre palestinos e israelenses deixaram até agora um saldo de 1200 mortos. Em entrevista à Deutsche Welle, o jornalista palestino Hakam Abdel-Hadi, de Jenin, analisa que a atual guerra "trouxe, acima de tudo, destruição para a Faixa de Gaza e talvez algumas cadeiras a mais para o ministro da Defesa, que é o homem forte lá".

Segundo o jornalista, "a guerra irá muito provavelmente – embora a gente precise esperar para ver – fortalecer o Hamas. Do ponto de vista político, ela não nos tira do lugar. Precisamos negociar um com o outro, não há outra alternativa".

Solução é a proximidade

Gad Lior und Hakam Abdel Hadi
Hakam Abdel-Hadi (esq.) e Gad Lior: solução está na proximidade cotidianaFoto: DW

O diálogo entre os dois lados é também defendido pelo jornalista israelense Gad Lior, redator do diário Yedioth Ahronoth, que lembra em entrevista à Deutsche Welle o caso do Chipre dividido.

"É preciso organizar muitos eventos comuns entre os dois lados. É necessário falar um com o outro e as crianças e os jovens precisam passar algumas semanas juntos, como foi feito no Chipre. É preciso conhecer de novo um ao outro, para saber que viver em paz é muito melhor do que em guerra", observa Ahronoth.

Na opinião dos dois especialistas, a chave para o conflito está, acima de tudo, num contato mais estreito entre os dois lados. "Minha tese é a de que a ligação e a proximidade – também do ponto de vista religioso – entre o Judaísmo e o Islã é muito forte. Só que a maioria das pessoas esquece disso, porque, no momento, infelizmente são os preconceitos que vão sendo alimentados", conclui Abdel-Hadi.