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De volta à Lua

20 de julho de 2009

Europa obteve vários sucessos na pesquisa espacial, mas não pode se dar por satisfeita, senão corre risco de ficar olhando o sucesso dos outros apenas da Terra. Astronautas já falam em segunda era da corrida lunar.

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Alemanha congelou missão lunar devido a custosFoto: picture-alliance/ dpa

A contribuição europeia à pesquisa espacial é hoje maior do que nunca: os foguetes Ariane funcionam perfeitamente, colocando em órbita satélites e sondas espacias, duas das quais – em Marte e em Vênus – enviam dados espetaculares à Terra. Na Estação Espacial Internacional (ISS), o componente orbital Columbus, um laboratório científico construído na cidade alemã de Bremen, serve de base para diversos experimentos.

Além disso, no ano passado, a Europa lançou seu produto mais arrojado, o Veículo de Transferência Automático (ATV), cargueiro espacial capaz de transportar até 10 toneladas para a ISS. O problema é que atualmente o ATV só consegue levar material à estação, mas não trazê-lo de volta, lamenta Jan Wörmer, diretor do Centro Alemão Aeroespacial.

"A meu ver, o primeiro passo é que o retorno de material da estação seja realizado também com um veículo europeu. Um estudo feito pelo setor privado indica que é possível construir uma cápsula, que seria lançada por um foguete Ariane, capaz de retornar à atmosfera terrestre e pousar com segurança", afirma Wörmer.

Ida e volta

Tal avanço abriria novas perspectivas para a estação ISS. Pois, quando a Nasa aposentar sua frota de ônibus espaciais Shuttle em 2010, não haverá mais como trazer experimentos, amostras de materiais e equipamentos defeituosos de volta à Terra. Segundo Evert Dudok, presidente da EADS Astrium, unidade espacial do conglomerado aeroespacial e de defesa europeu EADS, seria necessário um esforço relativamente pequeno a fim de permitir o retorno à Terra.

"O ATV, que é hoje relativamente cilíndrico, seria substituído por uma estrutura em forma de cápsula, que, assim como as missões da Apollo, retornaria à Terra. A velocidade seria reduzida através de um pára-quedas, até que ela caísse no mar", explica Dudok.

O grande obstáculo técnico seria a construção de um escudo térmico que impedisse a cápsula de se consumir em chamas ao entrar na atmosfera terrestre. Também quanto a isso há diversos estudos com resultados positivos para a indústria europeia.

Europeus no espaço

A longo prazo, a cápsula poderia transportar não apenas material, mas também gente. Hoje, astronautas europeus são obrigados a pegar carona até o espaço sideral com colegas norte-americanos ou russos. Mas também isso mudaria com o desenvolvimento contínuo do ATV, explica Wörmer. "Este segundo passo já deveria ser levado em conta para que o conceito não seja um beco sem saída", afirma.

Mas, se tecnicamente não seria um grande esforço para a Europa alcançar os Estados Unidos e a Rússia, os dois grandes atores da pesquisa universal, ainda falta apoio político. "Se as coisas tomassem esse rumo, significaria, claro, que a Europa está se posicionando decididamente como um parceiro para futuras missões espaciais", defende Wörmer.

A Alemanha e a Europa não só se tornariam independentes da Rússia e dos EUA, mas também seriam parceiros mais interessantes, pois passariam a contar com maior flexibilidade e capacidade técnica.

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Astronauta Messerschmid: voltar à Lua é 'passo lógico'Foto: DW-TV

Perguntas sem respostas

Uma viagem à Lua seria um dos projetos possíveis. Por mais que a Alemanha tenha congelado sua missão lunar devido a problemas de orçamento, cientistas continuam tão interessados como nunca no satélite terrestre. Segundo o ex-astronauta alemão Ernst Messerschmid, ainda há muitas perguntas esperando por uma resposta, por exemplo, como a Lua surgiu e qual sua composição exata.

"A missão Apollo foi quase rápida demais, bem sucedida demais e acabou impedindo outras iniciativas de retorno à Lua. Todos acabaram concordando que aquilo não poderia ser repetido, pelo menos não com os orçamentos de hoje e sem o convencimento ideológico necessário para uma missão como essa. No fundo, o próximo passo lógico após a ISS seria voltar à Lua", afirma.

Agora, os cosmonautas têm em vista um novo objetivo: com a experiência coletada na ISS, construir uma estação semelhante na Lua. Mas a Europa não pode se dar por satisfeita com os sucessos que já tem. Senão, corre o risco de ficar apenas observando o sucesso dos outros daqui da Terra, em plena segunda era da corrida lunar.

Autor: Dirk Lorenzen
Revisão: Augusto Valente