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Europa ampliada pode ter nova onda de anti-semitismo

ef28 de abril de 2004

Conselho judeu na Alemanha, ONGs e cientistas temem onda de anti-semitismo na União Européia com o ingresso de oito países do Leste. OSCE discute recomendações para combater o fenômeno na Europa.

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Suástica em cemitério judeu no sul da AlemanhaFoto: dpa

O potencial anti-semita vai ser muito maior na União Européia com a entrada em 1º de maio na comunidade da Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, Eslováquia, República Tcheca, Eslovênia e Hungria. O anti-semitismo clássico destes oito países do Leste vai se misturar com o sutil existente na Alemanha e outros membros antigos da UE, adverte o vice-presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, Salomon Korn.

Nesta quarta e quinta-feira, a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) está reunida, em Berlim, para aprovar resolução para o combate ao anti-semitismo na Europa.

Salomon Korn advertiu que nos oito novatos da UE ainda nem começou o processo de conscientização do anti-semitismo e da colaboração com o extermínio de seis milhões de judeus pelos nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial. Cientistas e ONGs fizeram advertências no mesmo sentido.

Abuso às críticas contra a política de Israel

- "O anti-semitismo racista e de extrema-direita é muito maior na Europa Oriental que na Ocidental", diz Juliane Wetzel do Centro de Pesquisas sobre Anti-semitismo da Universidade Técnica de Berlim. Na sua opinião, há muito tempo que as raízes do ódio aos judeus não são só racistas. "Grupos árabes, adversários da globalização e parte dos políticos de esquerda andam abusando demais da crítica justificada à política de Israel contra os palestinos", acrescenta ela.

Representantes de mais de 200 ONGs querem elaborar um catálogo de recomendações para o combater o preconceito contra os judeus à margem da conferência dos 55 países da OSCE, com 500 participantes. Não só os problemas remotos do anti-semitismo como os atuais serão atacados no encontro. O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, e o presidente de Israel, Moshe Katsav, participam da conferência, assim como o presidente da Alemanha, Johannes Rau.

A delegação alemã é chefiada pelo ministro das Relações Exteriores, Joschka Fischer, que sempre disse ver "o anti-semitismo não só como um desafio, contra o qual temos que nos opor, mas também como uma ofensa à Alemanha democrática".

Jüdischer Friedhof in Berlin geschändet
Profanação do cemitério judeu em BerlimFoto: AP

Catálogo de medidas

- Todas as formas atuais de ressentimentos anti-semitas e as possibilidades de combatê-las com medidas políticas e meios jurídicos serão discutidas. Os temas da conferência são o papel da imprensa e da internet, o fomento da tolerância e uma multiplicidade cultural. Será discutido também um programa de treinamento de professores e educadores nos países da OSCE e no final serão aprovadas recomendações concretas para o combate ao anti-semitismo.

Há muito tempo que a violência contra judeus e instituições judaicas deixou de se limitar à Europa e se tornou um problema mundial. Diminuíram os crimes clássicos, como profanação de cemitérios, ataques a pessoas e pixação de sinagogas, mas aumentaram os delitos de propaganda, bem como as hostilidades de imigrantes árabes na Europa Ocidental contra os judeus. As causas seriam não só os problemas sociais, mas também o conflito no Oriente Médio, o ódio à política de Israel e uma crescente solidariedade com os palestinos.

Anti-semitismo tolerado

- Observadores da OSCE vêem com preocupação também a situação na Europa Oriental, na Polônia, nos países bálticos e noutros sucessores da antiga União Soviética. Não só aumentaram lá o preconceito e os ataques anti-semitas, como o anti-semitismo é tolerado pela sociedade. Por toda parte falta informação e esclarecimento sobre o problema.

Anschlag auf Synagoge
Atentado contra sinagoga em Marselha, na FrançaFoto: AP

Na Alemanha, peritos observam ainda a permanência de uma aversão aos judeus, também chamada de "anti-semitismo secundário", por conta de os judeus lembrarem os crimes dos nazistas alemães, dos pagamentos de indenização a sobreviventes do Holocausto e porque os judeus impedem os alemães de encerrar de vez esta questão, diz o pesquisador berlinense Wolfgang Benz. No mais, segundo ele, seria errado dramatizar o problema do anti-semitismo na Alemanha de hoje.