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Euro supervalorizado gera pressão sobre BCE

(am)20 de janeiro de 2004

Os recordes cada vez mais freqüentes na cotação da moeda européia preocupam políticos, empresários e economistas dos institutos de pesquisa econômica. O Banco Central Europeu se vê pressionado a intervir.

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Alta preocupa Jean-Claude Trichet, presidente do BCEFoto: AP

O Banco Central Europeu (BCE) se vê confrontado com pressões cada vez mais freqüentes de políticos e instituições, no sentido de uma intervenção no mercado financeiro para forçar uma queda da cotação do euro. O tema já ocupou chefes de governo, ministros, empresários e peritos de diversos institutos de pesquisa econômica nas últimas semanas.

A despeito de todas as pressões, o presidente do BCE, o francês Jean-Claude Trichet, mantém-se até agora firme na sua posição, provando sua independência como guardião da estabilidade da moeda conjunta de 12 países da União Européia. A tão reclamada intervenção no mercado financeiro ocorreria através de uma redução da taxa de refinanciamento bancário.

Tal decisão, no entanto, só será tomada, eventualmente, durante a reunião do Conselho do BCE na primeira quinta-feira de fevereiro próximo. Antes disso, tudo permanecerá como está. E ninguém pode prever com certeza que os juros realmente serão rebaixados. Tudo dependerá da avaliação geral da economia européia, feita pelos próprios economistas do BCE.

Predisposição do BCE

O economista-chefe do Banco Mundial, François Bourguignon, manifestou na última segunda-feira a convicção de que o Banco Central Europeu se verá obrigado a uma redução da taxa de juros, caso a cotação do euro chegue perto de 1,40 dólar. Uma predisposição do BCE nesse sentido pode ser constatada, a seu ver, em recentes declarações de Jean-Claude Trichet, revelando sua preocupação com a supervalorização do euro.

Também o conselho dos ministros de Economia e de Finanças da União Européia (EcoFin) tratou da questão na sua reunião do início desta semana em Bruxelas. Até agora, a União Européia sempre defendera oficialmente a opinião de que a cotação do euro reflete seu valor real, não havendo necessidade de uma intervenção do BCE.

Desta vez, no entanto, as manifestações dos ministros do EcoFin revelaram preocupação real. O mais incisivo foi o ministro belga das Finanças, Didier Reynders. Ele expressou a opinião de que a supervalorização do euro tem de ter um limite: a cotação de 1,30 dólar. A partir daí, afirmou, é indispensável uma intervenção do Banco Central Europeu.

Compra de dólares

O limite citado pelo ministro belga é até mesmo muito elevado em comparação com a estratégia sugerida pelo presidente do Instituto de Pesquisa Econômica (Ifo) de Munique, Hans-Werner Sinn. Para ele, a cotação do euro tem de ser mantida entre 1,07 e 1,20 dólar, a fim de que a conjuntura econômica européia não sofra efeitos negativos. Sinn conclamou o BCE a uma imediata intervenção no mercado financeiro.

O presidente do Ifo considera, contudo, a compra de dólares por parte do Banco Central Europeu como o instrumento mais eficaz para regular a cotação da moeda européia no momento. Uma redução dos juros de refinanciamento bancário viria muito tarde e não seria positiva numa fase em que a conjuntura econômica começa a ganhar um novo impulso.

Hans-Werner Sinn deixou claro que a supervalorização do euro tem uma clara influência negativa na evolução dos negócios na Alemanha. A atual situação da moeda européia se refletirá claramente nos prognósticos do desenvolvimento conjuntural alemão no segundo trimestre deste ano.