EUA fazem fracassar conferência da ONU em Genebra
8 de dezembro de 2001Depois de três semanas de negociações, os representantes dos 144 países signatários da Convenção contra Armas Biológicas não conseguiram chegar a um consenso sobre formas de controle da proibição do uso de armas bacteriológicas.
Devido à recusa dos Estados Unidos em assinar o protocolo final, o presidente da conferência e embaixador da Hungria, Tibor Toth, disse que o adiamento para novembro do próximo ano foi a melhor solução. Caso contrário, teria de admitir o fracasso completo.
A União Européia ficou decepcionada com a atitude norte-americana, que desistiu da ratificação nos últimos minutos. Os participantes da conferência esperavam que, após os atentados de 11 de setembro e os ataques com antraz, os EUA apoiariam a criação de um grupo de trabalho, que constituiria um órgão de controle para vigiar o cumprimento da convenção.
Desinteresse dos EUA
A delegação européia destacou que somente as negociações multilaterais irão assegurar o controle das armas biológicas. Ao mesmo tempo, a União Européia sugeriu encontros anuais das nações signatárias. Até agora, eles vinham sendo a cada cinco anos.
Os representantes dos Estados Unidos em Genebra, entretanto, deixaram clara a falta de interesse de seu país em novos acordos multilaterais para controlar o desenvolvimento, produção e armazenamento de armas biológicas.
Por outro lado, Washington havia se engajado durante a conferência para a condenação de alguns países, como o Iraque e o Irã, pelo descumprimento da convenção.
Falta criar órgão de controle
O chefe da delegação norte-americana, John Bolton, declarou estar satisfeito com o resultado da conferência, pois "conseguimos despertar a comunidade internacional para o fato de que muitos desrespeitam a convenção".
Temendo atos de espionagem e sabotagens, já em julho, os Estados Unidos haviam rejeitado qualquer tipo de controle em seu país. Washington confirma apenas pesquisas para a produção de vacinas a serem aplicadas em seus soldados.
A Convenção sobre Armas Biológicas de 1972 proíbe o uso desse tipo de armamento, mas ela não prevê um mecanismo de verificação. Ainda não foi criado um organismo responsável por realizar inspeções nos países.