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Estudar na Alemanha

Monika Dittrich / lk11 de outubro de 2002

Várias iniciativas buscam tornar os estudos superiores na Alemanha mais atraentes para estrangeiros.

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Auditório da Universidade de DüsseldorfFoto: AP

De uns anos para cá, o número de universitários voltou a subir na Alemanha: mais de 1,8 milhão de jovens fazem um curso superior em universidade ou escola técnica. Mas em comparação com outros países industrializados do Ocidente, tais como o Reino Unido, os EUA ou o Canadá, o número é modesto. A despeito de campanhas públicas, apenas um em cada três jovens que estariam aptos a cada ano a entrar para uma universidade decide fazer um curso superior.

"A gente observa que, no exterior, a participação num curso superior é bem mais alta do que na Alemanha, onde cerca de 28% dos jovens de uma determinada idade fazem faculdade. No exterior, a cota é superior a 30%, quase 40%", afirma Brigitte Göbbels, da Conferência dos Reitores das Escolas Superiores (HRK).

Desigualdade de chances

A chance de conseguir um diploma universitário na Alemanha não é a mesma para todas as crianças. Estatísticas do órgão estudantil Deutsches Studentenwerk (DSW) comprovam que filhos de famílias mais pobres e com grau de instrução mais baixo dificilmente vão para uma faculdade. Já os filhos de altos funcionários públicos e de acadêmicos quase sempre fazem um curso superior. É que, para estudar, é preciso ter não apenas uma boa base escolar, como também dinheiro. Embora os estudos na Alemanha sejam praticamente grátis, com exceção de algumas taxas de matrícula, os custos de vida precisam ser bancados pelos próprios estudantes ou suas famílias. Apenas 25% dos universitários recebem o BaföG, um misto de bolsa e crédito educativo financiado pelos cofres públicos.

Falta de moradia

Um dos problemas mais prementes neste semestre de inverno é a falta de moradias para os universitários. "Em muitas cidades com universidade, os problemas se agravaram de tal forma, que nós precisamos arrumar acomodações de emergência para os calouros poderem começar os estudos. Dois terços dos universitários dependem da oferta no mercado imobiliário. E, onde já existe escassez de moradias, como nas cidades grandes — em especial em Munique —, os estudantes é que pagam o pato", esclarece Dieter Schäferbarthold, secretário-geral do DSW.

Custos de vida

De quanto um universitário precisa para se manter e pagar o aluguel, diverge muito de lugar para lugar: em Dresden, por exemplo, no leste da Alemanha, bastam uns 500 euros por mês; já em Munique, são necessários cerca de 814 euros mensais. Quem não recebe auxílio estatal nem ajuda financeira da família, precisa fazer bicos, tomando conta de crianças, trabalhando em restaurantes ou dando aulas particulares.

Situação dos gêneros

Um desenvolvimento positivo que se observa na Alemanha é que, nesse meio tempo, o número de estudantes do sexo feminino se igualou ao do sexo masculino, ou é mesmo superior em alguns cursos. Mas ainda vai demorar até que um maior número de mulheres consiga chegar ao topo da carreira acadêmica, opina Brigitte Göbbels.

"No começo, tudo bem: cerca de 54% dos calouros são do sexo feminino. Mesmo nos semestres mais adiantados, o número de mulheres inscritas é superior ao dos homens. Mas quando chega a hora de adquirir diplomas, trabalhar na universidade, ou até chegar a titular de cadeira, a gente vê que a proporção se inverte progressivamente", afirma a representante da HRK.

Universitários do exterior

Não é preciso melhorar apenas as condições para as mulheres, como também a dos estudantes provenientes do exterior, que perfazem atualmente apenas 8% dos universitários matriculados na Alemanha. Com a introdução de cursos em inglês e certificados de conclusão que sejam reconhecidos internacionalmente, a Alemanha tenta atualmente tornar os estudos superiores mais atraentes para candidatos do exterior.

Inclusive uma nova legislação visa facilitar a vida dos universitários não provenientes de um país da União Européia. A partir de agora, eles vão poder trabalhar em meio expediente, ou seja, quatro horas, em 180 dias do ano, sem necessitar de permissão de trabalho. Até então, fazer um bico só lhes era permitido em 90 dias por ano. Afinal, para estudar na Alemanha, é preciso ter não apenas uma boa base escolar, como também dinheiro para se sustentar.