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Estudantes estrangeiros terão Copa do Mundo própria

Alexandre Schossler24 de março de 2006

Dezesseis seleções universitárias defendendo as cores dos seus países: é o Mundial dos estudantes estrangeiros, evento paralelo à Copa do Mundo e que desperta paixões e gera protestos desde a sua "fase de classificação".

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O gramado ao lado do estádio de Colônia será palco do torneioFoto: DAAD

Antes de se enfrentarem para valer, em 22 de junho, Brasil e Japão darão uma palhinha do seu futebol num campo bem mais modesto que o moderno estádio do Borússia Dortmund: o gramado do parque localizado atrás do estádio do Colônia verá o embate entre o Kemari Japan e o FC Sajones Brasil y Amigos, em 27 de abril.

O jogo é válido pela Copa Acadêmica do DAAD, torneio promovido pelo Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico com o apoio do Ministério da Educação e Pesquisa. Dezesseis seleções formadas apenas por estrangeiros que estudam na Alemanha disputarão o título. Elas superaram o que pode ser chamado de "fase de classificação", deixando para trás mais de cem equipes.

Bom perdedor

Como não havia condições para avaliar o desempenho futebolístico das cerca de 120 seleções que buscavam uma vaga, a escolha se baseou na criatividade das inscrições, levando em conta o nome da equipe, o hino, a camiseta e a descrição dos motivos para participar do torneio. A decisão final acabou gerando protestos de quem ficou de fora, numa atitude que lembra muito o mundo do futebol profissional.

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Quem será melhor no drible?Foto: dpa

"Como vocês sabem que escolheram os melhores se nunca viram as seleções jogando?", pergunta uma mensagem anônima no fórum eletrônico do torneio. "É necessário ser um bom perdedor", responde o diretor de Comunicação e Marketing do DAAD, Christian Müller.

Ele lembra que não é possível organizar um torneio com 120 seleções e que a proposta é a de fazer um encontro de amigos, não uma copa profissional de futebol. "O torneio não é prioritariamente esportivo, mas cultural, com ênfase no estabelecimento de contato entre os estudantes."

Seriedade e brincadeira

O grande número de inscrições e a criatividade das propostas surpreenderam o DAAD. "Não esperávamos esse êxito", afirma Müller. Segundo ele, chamou a atenção dos organizadores a seriedade com que alguns estudantes encararam a possibilidade de defender o seu país, mesmo que seja num torneio amador de futebol.

"É interessante observar como várias culturas reagem a uma proposta como essa. Enquanto alguns levam na brincadeira, como os espanhóis, outros levam muito a sério, principalmente pessoas vindas de países que se tornaram há pouco independentes, como o Cazaquistão e o Uzbequistão", pondera.

Estrangeiros na Alemanha

As inscrições também refletiram a composição da legião de estudantes estrangeiros na Alemanha. Se o Brasil teve apenas duas candidaturas, os chineses formaram 12 equipes e os marroquinos, nove. Segundo o DAAD, há 26 mil estudantes vindos da China na Alemanha. Do Marrocos, são 8 mil. Já os brasileiros mal e mal chegam a 1,5 mil.

Isso explica por que a seleção canarinho, como o nome FC Sajones Brasil y Amigos já entrega, entrará em campo com uma pequena ajuda de los hermanos. E por que países sem grande tradição boleira, como Egito, Ruanda, Vietnã e Tailândia, disputarão o torneio. Que não terá Argentina, França ou Itália. E nem a Alemanha, claro.