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Estrela do rap alemão gera polêmica ao atacar políticos em música

Marcus Lütticke (sv)17 de julho de 2013

Bushido, que teria ligação com a máfia, usa linguagem pesada para falar do homossexualismo do prefeito de Berlim e chega a pedir morte de deputado. Caso gera debate sobre liberdade artística e pode levá-lo ao tribunal.

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Foto: Getty Images

O título é sugestivo – e parecia prever a controvérsia que se instalaria. Stress ohne Grund (“estresse sem razão”), a nova música do polêmico rapper Bushido, chegou rapidamente às paradas de sucesso na Alemanha, mas, quase na mesma velocidade, desencadeou um debate a respeito dos limites da liberdade artística no país e pode levá-lo agora aos tribunais.

A razão da polêmica é o vocabulário escolhido na música para falar do homossexualismo do prefeito de Berlim, Klaus Wowereit, e para criticar o deputado Serkan Tören, nascido na Turquia e encarregado da política de integração do Partido Liberal Democrático (FDP) no Parlamento. Ambos entraram com uma queixa contra o rapper.

"Quero que Serkan Tören coma capim pela raiz", diz a música. A frase é seguida pelo som de dois tiros. A líder do Partido Verde também é atacada com veemência por Bushido: "Vou atirar em Claudia Roth e ela vai ficar com tantos buracos como um campo de golfe."

Para Serkan Tören, o vocabulário escolhido por Bushido é excessivo. "Ao incitar a violência, o homicídio e o ataque a minorias, ele passou dos limites”, diz o parlamentar. “Imagine se, sob o pretexto de estar fazendo uso da liberdade concedida ao artista, qualquer um puder fazer o que bem entende e ofender qualquer pessoa. Isso simplesmente não é possível."

FDP Abgeordneter Serkan Tören
O deputado Serkan TörenFoto: FDP

Tören sabe porque caiu na mira de Bushido: há alguns meses, o deputado declarou que o rapper deveria devolver o Bambi – um prêmio concedido em 2011 ao músico por seu empenho em prol da integração de estrangeiros. Entre os motivos estaria a ligação do músico com uma máfia berlinense.

Também citada na música, Claudia Roth não pretende tomar medidas jurídicas contra Bushido, embora também tenha se indignado com a situação. "Ele ainda reivindica para si o título de artista, mas não vende bem e nem consegue encher mais seus shows. Pelo jeito, acredita que pode ganhar dinheiro com suas tiradas que incitam o ódio e a violência", diz.

Jogada de marketing

Para Gabriele Hofmann, especialista em psicologia da música na Escola Superior de Pedagogia em Schwäbisch Gmünd, Bushido só quis atrair mais atenção para seu novo CD. "Provocações incentivam as vendas e esse sempre foi o objetivo de Bushido", opina.

O próprio cantor não tem pudores de admitir isso publicamente. "Do ponto de vista dos negócios foi ótimo. Chegamos ao primeiro lugar das paradas, com 1,2 milhão de cliques em menos de 48 horas", declarou Bushido em uma entrevista para a TV, sem dar sinal de que pretende fazer qualquer tipo de retratação.

Segundo advogados, Bushido não tem muito a temer do ponto de vista jurídico. Os calhamaços de papel que o Tribunal Constitucional Federal compilou para proteger a liberdade de opinião são infinitos, analisa Thomas Fels, porta-voz do Ministério Público de Berlim.

63. Bambi Verleihung Wiesbaden Bushido
Bushido quando recebeu o prêmio BambiFoto: picture-alliance/dpa

De acordo com o Departamento de Fiscalização de Mídias que Representam Perigos para a Juventude (BPJM, na sigla em alemão), um órgão subordinado ao Ministério da Família, a canção de Bushido foi incluída numa lista de CDs e outras mídias proibidas para menores.

Shindy, rapper parceiro de Bushido, conclamou seu fã-clube a comprar rapidamente o polêmico álbum antes que ele desapareça das lojas – outra estratégia que só contribuiu para aumentar as vendas.

"Observei na internet como os fãs reagiram a determinadas declarações. Bushido continuou contando com o apoio deles. E ele vai agredir outras pessoas individualmente", aposta Hofmann.