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Estados Unidos atingiam "apogeu no mundo"

Kristine Ziwica /rw

O final da Segunda Guerra Mundial reafirmou os Estados Unidos como potência mundial, ao mesmo tempo em que trouxe ao país um crescimento econômico sem precedentes e marcou o início do movimento pelos direitos humanos.

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Declaração de guerra dos EUA à Alemanha é lida no Congresso, em 1941Foto: AP

Da mesma forma como o premiê britânico Winston Churchil, o presidente Harry Truman anunciou aos norte-americanos o final da guerra na Europa em um pronunciamento transmitido pelo rádio no dia 8 de maio de 1945. Franklin D. Roosevelt, que presidiu o país durante a guerra, havia falecido um mês antes.

Assim como Churchill, Truman apelou pela contenção, advertindo o povo para as dificuldades que estavam por vir, pois a guerra prosseguia no Pacífico. Mesmo assim, multidões foram às ruas comemorar a vitória com cornetas e confete. Foram mobilizados 15 mil policiais para controlar as festividades.

Marco importante

O clima descontraído da multidão parecia indicar que se comemorava mais do que o fim da guerra na Europa. Os EUA foram a única potência aliada que conseguiu manter relativamente baixos os prejuízos durante a guerra e, na opinião de historiadores, os americanos sabiam que tinham muito a ganhar com o fim do conflito.

Nos anos seguintes, o país assumiu cada vez mais importância no cenário internacional e as transformações econômicas internas fizeram com que a população esquecesse rapidamente a depressão econômica de alguns anos antes.

"O poder transformador da Segunda Guerra Mundial não pode ser subestimado. Ela foi uma grande reviravolta na história do país. Depois dela, tudo mudou", afirma David Kennedy, professor de História da Universidade de Stanford e autor de um livro sobre os norte-americanos no período de 1929 a 1945.

Potência mundial relutante

No final dos combates, Churchill havia dito que os EUA haviam atingido o "apogeu no mundo". Sua declaração resumia a nova situação: em questão de cinco anos, a nação havia saído do isolacionismo, vencido a relutância em ingressar na guerra e se tornado uma potência mundial.

Truman erläutert seine Doktrin
Presidente Harry S. TrumanFoto: AP

Em 1945, Truman e seu governo tinham a tarefa de aproveitar a situação mundial para atender aos interesses do país e evitar outros conflitos internacionais de grande escala. Para concretizar isso, teve de se superar também a resistência interna, pois muitos argumentavam que o monopólio sobre a bomba atômica era a única segurança que o país precisava, depois de haver usado a arma contra o Japão, poucos meses após a vitória na Europa.

A maioria dos norte-americanos pensava que os Estados Unidos haviam vencido a guerra praticamente sozinhos. Eles, por exemplo, não sabiam da participação da União Soviética e o uso da bomba atômica fortaleceu esta impressão. Eles tinham uma imagem dos Estados Unidos como potência dominante", esclarece o professor David Reynolds, da Universidade de Cambridge.

Truman, porém, conseguiu mobilizar os EUA para uma nova forma de internacionalismo, ancorado em instituições, conforme já havia planejado o ex-presidente Woodrow Wilson. Os Estados Unidos tornaram-se membro-fundador das Nações Unidas, do Fundo Monetário Internacional, do Banco Mundial (Bird), da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e de outras organizações internacionais. A partir deste momento, Washington passava a desempenhar um papel dominante no cenário internacional, independentemente da vontade do resto do mundo.

Tempos de boom

A década seguinte ao final da guerra foi uma época de rápida expansão econômica e de crescimento populacional no país. Dispensados dos quartéis, os soldados voltavam para começar uma nova vida em casa. A produção industrial, por seu lado, passou a ser usada para fins pacíficos.

Os EUA foram os únicos entre as potências aliadas que estavam mais ricos que antes do conflito. O Produto Interno Bruto em 1948 chegou a crescer para 257,6 bilhões de dólares − a título de comparação: durante a crise, havia sido de 55,6 bilhões de dólares. Os norte-americanos passaram a gastar como nunca. À própria classe média tornou-se possível trocar de carro ou comprar, por exemplo, uma máquina de lavar.

Minorias recuperam terreno

Enquanto os brancos norte-americanos colhiam os frutos da paz e a sensação de "tarefa concluída", seus concidadãos negros, que também haviam lutado na frente de batalha, começaram a denunciar a hipocrisia da política racista. Eles passaram a exigir mais direitos, estabelecendo as bases para o movimento dos direitos civis na década de 50. Trata-se, aqui, de uma conseqüência da nova sensação do can do (nós podemos) sentida também em outros setores.

"Após a guerra, foi manifestada grande confiança nos potenciais da sociedade em enfrentar estes problemas", ressalta o professor Kennedy. "Por causa do boom econômico, os afro-americanos podiam receber maior incentivo, sem dar a impressão de que estava sendo tirada alguma coisa do resto da população. Embora com alguma resistência, Truman iniciou uma rodada de reformas, chamadas Fair Deal, que entre outras coisas representaram o fortalecimento dos direitos civis".