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Esquema de propinas da Odebrecht é capa de revista americana

Marcio Damasceno
13 de junho de 2017

Semanário de negócios "Bloomberg Businessweek" fala em "máquina de corrupção de maior alcance já desmantelada no mundo dos negócios". Publicação detalha como funcionava setor da empreiteira especializado em subornos.

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Capa da revista: "caro governo brasileiro, obrigado pelos contratos"
Capa da revista: "caro governo brasileiro, obrigado pelos contratos"

O esquema de propinas da Odebrecht no Brasil e no exterior é destaque da reportagem de capa da edição desta semana da revista americana de negócios Bloomberg Businessweek. Com o título Ninguém jamais havia montado uma máquina de corrupção dessas, a matéria descreve como funcionava o Departamento de Operações Estruturadas, setor da empreiteira chefiado por Hilberto Mascarenhas Silva e criado especialmente para distribuir subornos.

O semanário afirma que aquele departamento talvez tenha sido "a máquina de corrupção mais eficiente e de maior alcance já desmantelada no mundo dos negócios". Para a publicação, a Odebrecht se tornou, ao longo das décadas, "um império familiar erguido sobre práticas de suborno"

A Bloomberg Businessweek frisa que "entre 2001 e 2016, a Odebrecht desembolsou 439 milhões de dólares em pagamentos ilícitos a autoridades em 11 países, sem contar o Brasil", acrescentando que, em contrapartida, conforme depoimentos da companhia à Justiça dos EUA, "os governos desses países deram à Odebrecht contratos que geraram retornos de 1,4 bilhão de dólares".

"Lula foi mina de ouro"

O momento que impulsionou o crescimento internacional da empresa e do próprio esquema de propina revelado pela Operação Lava Jato foi a chegada de Lula ao poder, em 2003, aponta a revista. "Ele foi uma mina de ouro para a Odebrecht", destaca o texto.

"Lula iniciou uma onda de gastos em obras públicas, na indústria naval e na Petrobras. A Odebrecht abocanhou uma parcela enorme dos contratos e se tornou a maior construtora da América Latina", diz a publicação. "Enquanto Lula se empenhava em aumentar a influência do Brasil nos países vizinhos, a Odebrecht aproveitava para enviar dinheiro para seus aliados na região."

De acordo com a reportagem, o Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht começou a operar em 2007, tendo sido criado para atender à amplitude e complexidade crescente do esquema de propinas. "As operações da empresa cresceram à medida que Lula acelerava os gastos em rodovias, portos e estaleiros, e abria mercados fora do Brasil", destaca a revista.

Turbulência continental

A reportagem comenta, ainda, que o escândalo de corrupção da Lava a Jato abala não só a política brasileira, mas também causa "turbulência política, econômica e social pela América Latina". O Peru reduziu sua projeção de crescimento econômico para 2017 por causa de atrasos e custos provenientes de contratos fraudulentos com a Odebrecht, exemplifica a revista.

Outra crise estatal citada pela publicação como fruto do esquema de corrupção da companhia brasileira é o da República Dominicana, onde "o governo está emitindo dívidas e desviando recursos de programas sociais para finalizar uma usina elétrica "que a Odebrecht não terminou de construir porque seus empréstimos foram suspensos".