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Especialistas pedem mais esforços para salvar recifes de corais

11 de setembro de 2012

Sobrevivência dos ecossistemas mais ricos do oceano depende da ação da população local e da mudança de comportamento da comunidade internacional. Um quinto dos recifes de corais do mundo já morreu ou foi destruído.

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Foto: picture-alliance/dpa

Recifes de corais estão entre os mais diversos e valiosos ecossistemas do planeta. Eles abrangem menos de 0,2% do fundo do oceano, mas abrigam um quarto de todas as espécies marinhas. Os recifes também protegem a costa e representam uma fonte essencial de alimento e renda para cerca de 500 milhões de pessoas ao redor do mundo.

Mas os corais estão cada vez mais ameaçados. Um estudo de 2008 da Rede de Monitoramento Mundial de Recifes de Corais constatou que um quinto dos recifes de corais do mundo já morreu ou foi destruído.

No entanto, ainda há esperança. Em Papua Nova Guiné, que abriga cerca de 75% das espécies de corais do mundo e 600 espécies de peixes, grande parte dos recifes ainda está intacta. O país faz parte do chamado Triângulo de Corais, considerado o epicentro da biodiversidade marítima e que inclui também as águas tropicais da Indonésia, Malásia, Filipinas, Timor Leste e Ilhas Salomão.

"Os recifes de corais de Papua Nova Guiné ainda se encontram em seu estado original. Portanto, não é tarde para salvá-los", diz o biólogo marinho Noel Wangunu, da Organização Ambiental Conservation International. "Mas é importante protegê-los agora, tornando-os resistentes a influências externas."

Branqueamento dos recifes de corais

Altas temperaturas são o maior fator de risco para os corais. Elas podem ter um impacto significativo sobre o fornecimento de alimentos e a própria existência das vulneráveis comunidades costeiras. Recifes de corais servem de base não somente para a indústria pesqueira, como também para a indústria do turismo.

Korallen, Papua Neuguinea
Grande parte dos recifes de Papua Nova Guiné ainda está intactaFoto: CC/Boogies with Fish

Os efeitos das mudanças climáticas são mais graves nos oceanos do que na terra, mesmo que os impactos sejam menos visíveis. Temperaturas acima da média afetam os recifes ao redor do mundo.

"Com as mudanças climáticas, os oceanos ficam mais ácidos e a temperatura de suas superfícies aumenta, o que resulta no branqueamento dos corais", diz Wangunu.

Entretanto, a economia local representa um problema ainda maior. O desenvolvimento da região costeira, o desmatamento e o turismo sem controle contribuem para a destruição dos corais.

"A pesca excessiva é uma ameaça significativa para o sistema de corais do Pacifico", afirma Nicola Barnard, diretora da International Reef Action Network (Rede de Ação Internacional de Recifes de Corais, em português).

"A poluição das bacias hidrográficas – em grande parte como consequência do desmatamento, da erosão e da mineração – também afeta a região. Sedimentos e resíduos são lançados no mar, danificando os corais próximos à costa. Além disso, a urbanização leva à destruição dos manguezais. Lixo e esgoto também são um problema", aponta Barnard.

Importância da conscientização

Especialistas acreditam que conscientizar a população local é a chave para conservar os corais. "A maioria dos habitantes de Papua Nova Guiné ainda não compreende totalmente as ameaças aos oceanos e suas consequências para a biodiversidade", disse Wanganu.

Korallen in Papua Nneu Guinea
Altas temperaturas e pesca excessiva ameaçam coraisFoto: CC/Anderson Smith2010

"Muitas pessoas que vivem na costa usam o mar como uma espécie de supermercado para garantir sua subsistência. Até há uma consciência sobre a diminuição da biodiversidade, especialmente para uso comercial. Mas falta aos moradores capacidade para desenvolver estratégias de combate a esse fenômeno", considera.

A sobrevivência dos recifes de corais depende de uma harmonização das necessidades econômicas com o respeito ao meio ambiente. Especialistas dizem que o conceito de conservação precisa ser explicado à comunidade local, tendo em vista principalmente um melhor uso dos recursos ameaçados. É igualmente importante envolver a população local nos esforços para conservar o ecossistema marítimo.

No atual contexto de rápida expansão da população e dos mercados, há necessidade de explicar sobre a relação econômica entre a pesca excessiva e a degradação dos recifes", diz Simon Foale, do Centro de Excelência de Pesquisas de Corais. "Esse esclarecimento combinado aos conhecimentos tradicionais das comunidades pode ajudá-las a desenvolver suas próprias estratégias para solucionar o problema".

Soluções globais

Enquanto países ricos em corais, como Papua Nova Guiné, buscam soluções locais para preservar suas riquezas naturais, especialistas consideram que uma abordagem global é o único meio de vencer a batalha em prol da preservação dos corais.

Fischer in Papua Neuguinea
Comunidades costeiras usam mar como supermercadoFoto: CC/dmscvan

A proteção de recifes de corais e de sua biodiversidade são objeto das negociações internacionais para conter as mudanças climáticas. Em 2009, num encontro organizado pela Organização Global de Legisladores para um Meio Ambiente Equilibrado na Dinamarca, pesquisadores concluíram que a maioria dos recifes de corais pode não sobreviver, mesmo com regulamentações sobre os efeitos dos gases estufa sendo colocadas em prática. Especialistas também ressaltam que é preciso haver mudanças de comportamento para salvar os vulneráveis ecossistemas.

"O mais importante que podemos fazer pelos corais é reduzir a emissão de gás carbônico", afirma Stephanie Wear, diretora da conservação de recifes de corais da Nature Conservancy, ONG que apoia o governo de Papua Nova Guiné em seus esforços para conservar a biodiversidade. "A comunidade global precisa agir. A decisão sobre que peixe iremos comer, por exemplo, tem efeito sobre os recifes de corais. Cortar os peixes de recifes de corais dos cardápios é algo que qualquer um pode fazer, não importa em que parte do mundo viva."

Autora: Jane Paulick (aks)
Revisão: Luisa Frey