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Eslováquia não quer receber refugiados muçulmanos

20 de agosto de 2015

Governo eslovaco afirma que prefere receber cristãos, já que país "não tem mesquitas" e muçulmanos "não podem se integrar". Deputado alemão diz que atitude contribui para o "fracasso da Europa".

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Foto: picture-alliance/AP Photo/Emrah Gurel

O governo da Eslováquia foi críticado nesta quinta-feira (20/08) após afirmar que deseja receber apenas refugiados cristãos, com a justificativa de que os muçulmanos não iriam se sentir bem em um país de maioria católica.

Mais tarde, a declaração de um porta-voz do Ministério do Interior foi corrigida pelo próprio ministério, que afirmou à agência de notícias DPA que o país "prefere" receber apenas cristãos, mas que não rejeitará refugiados muçulmanos. O ministério também mudou a justificativa, alegando "riscos de segurança" como uma preocupação no caso dos muçulmanos.

De acordo com o planejamento da União Europeia (UE), a Eslováquia deverá acomodar 200 refugiados vindos de campos da Turquia, da Itália e da Grécia.

"Poderíamos receber 800 muçulmanos, mas não temos mesquitas na Eslováquia. Como os muçulmanos poderão se integrar se eles não vão gostar daqui?", afirmou o porta-voz do Ministério do Interior, Ivan Metik, à emissora britânica BBC.

"Queremos realmente ajudar a Europa com essa onda de migração, mas somos apenas um país de trânsito. As pessoas não querem permanecer na Eslováquia."

"Queremos escolher pessoas que realmente querem começar uma nova vida na Eslováquia. Como um país cristão, podemos realmente ajudar cristãos da Síria a encontrar um novo lar na Eslováquia", afirmou Metik.

O deputado alemão Norbert Röttgen, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Bundestag (câmara baixa do Parlamento), criticou a postura do governo em Bratislava. Ele afirmou que a atitude do país contribui para o fracasso da Europa, e que essa manifestação de egoísmo sabota a capacidade da UE de reagir à atual crise migratória.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) afirmou que os países não devem discriminar na hora de receber refugiados. O porta-voz para a Europa Central da Acnur, Babar Baloch, declarou que "o reassentamento é de suma importância para muitos refugiados que se encontram sob riscos extremos entre os grupos mais vulneráveis do mundo".

Nos últimos meses houve um aumento acentuado no número de migrantes nas fronteiras da UE. Em julho, os números atingiram o recorde de 107,500 refugiados. A maioria é oriunda do Afeganistão, da Síria e de países da África subsaariana e foge da pobreza ou de conflitos.

Os Estados-membros da EU concordaram no mês passado em receber 32 mil refugiados, entre aqueles que chegam à Itália ou à Grécia, nos próximos dois anos. Uma tentativa de adotar um sistema de cotas para realocá-los no continente fracassou após algumas nações, entre elas a Eslováquia, rejeitarema ideia.

O governo da Alemanha, país que recebe o maior número de refugiados na UE, afirmou que o número de requerentes de asilo no país deve chegar a 800 mil em 2015.