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Eslováquia: o novo grande fabricante de automóveis

(ns)14 de março de 2004

A Hyundai vai abrir uma fábrica na Eslováquia, que vai produzir um milhão de automóveis por ano. Mas, o "milagre econômico" está gerando insatisfação, às vésperas do ingresso na UE.

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Hyundai: mais uma montadora decide produzir na EslováquiaFoto: AP

A boa notícia veio do Salão do Automóvel, em Genebra. A montadora coreana Hyundai e a Kia Motors, a ela associada, vão construir sua primeira fábrica na Europa. Isso representa investimentos de 700 milhões de euros, 200 mil veículos por ano, 2,4 mil empregos na Hyundai e mais de mil em empresas fornecedoras. As perspectivas não podiam ser melhores para a cidade de Zilina, localizada em região de poucas atividades econômicas na Eslováquia.

Na queda de braço com outros países do leste europeu, o pequeno país que antes integrava a Tchecoslováquia conseguiu impor-se e levou a fábrica coreana. Para o chefe de governo Mikulas Dzurinda, a decisão demonstra o êxito de sua política neoliberal. "A escolha da Hyundai foi porque a Eslováquia é um dos países mais atraentes da Europa para investimentos. E isso porque tomamos o caminho das reformas que significam o nosso futuro, que podem ser dolorosas, mas trazem uma perspectiva a médio ou longo prazo", declarou à DW-WORLD.

Neoliberalismo e automóveis

Dzurinda bem que precisa de notícias positivas, pois sua política econômica está levando à oposição e boa parte da população às barricadas. A Eslováquia é o único país europeu onde existe uma taxa única de impostos de 19%, introduzida para atrair investidores, mas financiadas às custas de cortes nos setores social e educacional.

VW Touareg - Geländewagen von Volkswagen
O Touareg, lançado pela Volkswagen em 2002Foto: AP

Com a nova fábrica da Hyundai, a Eslováquia poderá se considerar uma potência como fabricante de automóveis. A Volkswagen já está presente há anos no país, onde fabrica, entre outros, o jipão de luxo Touareg. A Peugeot está construindo uma montadora de onde sairão, no futuro, 300 mil automóveis por ano. E até a Rover está interessada em transferir uma fábrica da Grã-Bretanha para a Eslováquia.

O país de cinco milhões de habitantes irá fabricar até 2006 cerca de um milhão de automóveis. Na relação população/carros, a Eslováquia pode considerar-se o maior produtor de automóveis do mundo.

Sindicatos protestam

Os sindicatos criticam esse tipo de industrialização. E não apenas porque o financiamento implica numa redistribuição da carga fiscal em detrimento dos menos favorecidos. Segundo Peter Gajdos, vice-presidente da Federação Eslovaca de Sindicatos, o governo está praticando dumping social, apostando unilateralmente em montadoras sem centros de pesquisa. "Isso é simplesmente trabalho escravo, que não oferece perspectiva futura. Toda a nossa economia se baseia em salários baixos e além do mais baixas alíquotas que, por sua vez, abrem buracos nos cofres estatais. Ninguém garante que essa conta dá certo. Nós sabemos que o que se produz no país vai, em grande parte, para o exterior e não é reinvestido na Eslováquia. Esse é um caminho que não vai resolver os nossos problemas", argumenta.

Incertezas políticas às vésperas do ingresso

Os sindicatos querem novas eleições, o que será decidido em um plebiscito no dia 3 de abril. A oposição já fixou seu alvo: o arquiteto da política neoliberal, o democrata-cristão e ministro das Finanças, Ivan Miklos. O líder da oposição, Robert Fico prepara um voto de desconfiança contra Miklos no Parlamento, que segundo ele, "causou enormes prejuízos" ao país, inclusive através de irregularidades no processo de privatização.

O primeiro-ministro não abre mão de Ivan Miklos. "Sem essas reformas não haveria investimentos. E sem esse motor no governo não haveria reformas, explica.

O problema é que o governo de Mikulas Dzurinda perdeu a maioria no parlamento. Pouco antes do ingresso da Eslováquia na União Européia, reina uma grande incerteza. Os chefões da Hyundai, porém, não se impressionam com isso.