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Siemens: corrupção generalizada

Agências (as)30 de abril de 2008

Relatório de auditoria externa aponta evidências de práticas ilegais em várias divisões da empresa. Prejuízos com multas e processos judiciais já alcançam 1,8 bilhão de euros.

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Presidente Peter Löscher: 'Não imaginava a dimensão do caso quando assumi'Foto: AP

O maior escândalo de corrupção da história da Alemanha é mais amplo do que se sabia. De acordo com a auditoria externa contratada pela Siemens, em praticamente todas as divisões investigadas e em vários países em que a empresa alemã atua foram encontradas evidências de práticas ilegais ou contrárias a normas internas.

"Digo claramente que, ao assumir minhas responsabilidades, não tinha presente a dimensão do caso", afirmou nesta quarta-feira (30/04) o presidente da Siemens, Peter Löscher, que assumiu o cargo em julho de 2007. Uma estimativa dos prejuízos causados à empresa pela corrupção ainda não é possível, disse o diretor responsável pelo combate à corrupção, Peter Solmssen.

Sem incluir os danos causados pelo escândalo, a Siemens anunciou nesta quarta-feira que o seu lucro líquido caiu 67% no segundo trimestre do ano fiscal de 2007/08, para 412 milhões de euros. O resultado se deve principalmente a problemas nas construções de usinas e na divisão de transportes, bem como aos custos de reestruturação da SEN, divisão de soluções de comunicação, que será vendida.

Ressarcimento de prejuízos

Até o momento, a Siemens já pagou 1,8 bilhão de euros em multas e honorários advocatícios. De acordo com Solmssen, a empresa calcula que os prejuízos serão ainda maiores. Além de ser obrigada a pagar novas multas, a Siemens corre o risco de ficar de fora de concorrências públicas nos Estados Unidos.

Solmssen disse acreditar que as negociações com a SEC, órgão norte-americano de controle da bolsa de valores, serão longas. "Partimos do princípio de que as conversações ainda se estenderão por muitos meses", afirmou. O escândalo de corrupção envolve o desvio de 1,3 bilhão de euros dos cofres da Siemens, a maioria supostamente para o pagamento de subornos.

A empresa avalia agora se pedirá ressarcimento dos prejuízos a antigos membros da diretoria. "Sempre destacamos que quem causou um prejuízo à empresa deve contar com as conseqüências. Isso inclui fazer valer eventuais reclamações pelos danos causados", salientou Solmssen.

Escândalo faz vítimas

O escritório de advocacia Debevoise e Plimpton, contratado pela Siemens para a auditoria externa, investigou os negócios de seis áreas da empresa, entre elas telecomunicações, energia e medicina, entre 1999 e 2006. Um relatório parcial foi apresentado nesta terça-feira ao conselho de administração.

Há uma semana, o escândalo de corrupção fez mais uma vítima: o presidente da divisão de Medicina, Erich Reinhardt, pediu demissão. Apesar de não haver evidências de seu envolvimento no caso, como destacou Solmssen, "houve corrupção no setor sob sua responsabilidade".

Cresce também a pressão sobre o ex-presidente da empresa e ex-presidente do conselho administrativo Heinrich von Pierer, que poderá também ser investigado pela Promotoria Pública de Munique.