Escolas alemãs ensinam jovens a lidar com dinheiro
25 de setembro de 2006Segundo a Secretaria de Defesa do Consumidor do Estado da Renânia do Norte-Vestfália, cerca de 12% dos jovens e das jovens famílias estão endividados na Alemanha. O endividamento médio, junto a bancos, amigos e familiares gira em torno de 1,8 mil euros.
Contas de celulares e roupas de marca provocaram em 12% dos adolescentes entre 13 e 17 anos um endividamento médio de 370 euros. Este desenvolvimento levou o governo de alguns Estados alemães, além de bancos e outras instituições, a iniciarem projetos de "alfabetização econômica" junto a crianças e adolescentes.
Money & Kids (Dinheiro e Crianças) é como se chama o projeto experimental iniciado em 16 escolas da Renânia do Norte-Vestfália neste semestre letivo. Projetos semelhantes também foram iniciados em escolas de Hamburgo. Na conscientização de seus jovens clientes, alguns bancos também se engajam.
Detetives econômicos
"Formação financeira não deve acontecer por acaso. Crianças e adolescentes devem aprender a forma correta de lidar com dinheiro o mais cedo possível", afirma Eckhard Uhlenberg, secretário de Defesa do Consumidor da Renânia do Norte-Vestfália.
Para recuperar o tempo perdido, o governo do Estado engajou cerca de cem especialistas da área de assistência a pessoas endividadas, política, economia e ciência para pesquisar e oferecer soluções para o problema. Dois projetos concretos já surgiram.
O projeto Money & Kids, mais conhecido como Moki, começa a ser implementado, de forma experimental, em 16 escolas de tempo integral de ensino fundamental do Estado da Renânia do Norte-Vestfália. De forma lúdica, crianças da primeira à quarta série aprendem sobre a circulação do dinheiro, sobre como lidar com sua mesada e a ficarem atentos às malícias das propagandas.
As crianças também irão brincar de "detetives econômicos" e procurar formas de economizar em suas casas, como desligar aparelhos elétricos ou comparar preços em supermercados. O projeto experimental está sendo acompanhado por pesquisadores da Universidade de Paderborn, que também levarão os dados levantados aos pais dos alunos, de forma a integrá-los no projeto.
Hamburgo também segue o exemplo
"Transações bancárias na escola" é o nome da iniciativa de autoridades educacionais de Hamburgo, como o apoio do banco Haspa (Hamburger Sparkasse) e do Instituto de Prestação de Serviços Financeiros de Hamburgo (IFF). "Crianças e adolescentes lidam cada vez mais cedo e de forma mais intensiva com dinheiro. Também na educação e formação, assuntos econômicos têm maior importância", afirma Alexandra Dinges-Dierig, secretária de Educação de Hamburgo.
Direcionado a adolescentes da oitava série e do primeiro e segundo ano do ensino médio, o projeto não visa obrigar os alunos a uma educação financeira, mas "sobretudo fazer com que eles possam avaliar situações e tomar decisões de forma independente", afirma o diretor do IFF, Udo Reifner.
Outras instituições também participam
A Associação de Assistência a Endividados da cidade de Essen oferece a jovens de 16 a 19 anos uma "carteira de habilitação financeira". Um especialista da associação explica a alunos no município como funciona uma conta de banco e o montante dos juros quando o saldo é negativo.
"Não se trata somente de mera transmissão de conhecimento, queremos levar alunos e professores a conversarem sobre casos de endividamentos e suas próprias experiências", afirma Wolfgang Huber, diretor da associação.
Com seu projeto "Handelsblatt faz escola", o tradicional jornal alemão de economia Handelsblatt também procura apoiar o ensino de temas econômicos.
A pedido, o jornal disponibiliza gratuitamente material escolar, artigos e contatos a escolas e professores.