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Entidade ambientalista adverte sobre problemas da pesca na Europa

(rar/rr)3 de outubro de 2006

O grupo ambientalista WWF pede aos consumidores europeus que pensem duas vezes antes de comer peixe, alertando que muitos podem ter chegado à mesa através de pesca ilegal, destrutiva e excessiva.

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Sobrepesca pode levar espécies à extinçãoFoto: AP

O WWF (Fundo Mundial para a Natureza) alerta em um relatório para os resultados alarmantes causados pela pesca insustentável e pelo aumento da demanda por peixe, que podem levar inclusive à extinção de certas espécies.

Justin Woolford, encarregado pela pesca européia no grupo ambientalista, adverte que "os rastros de destruição deixados pela pesca industrializada devem ser interrompidos ou nossos filhos herdarão um oceano estéril".

Lembrando alguns pratos populares à base de peixe, entre eles linguado frito, paellas, filés de atum e de peixe-espada, o WWF alerta que os estoques estão ameaçados pela sobrepesca. "As pessoas deveriam pensar duas vezes antes de consumir bacalhau, peixe-espada, atum ou linguado", disse Woolford.

Desperdício e esgotamento

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Peixe é cada vez mais popular na EuropaFoto: dw-tv

Segundo o Fundo, há casos no Mar do Norte em que até 80% do volume pescado é devolvido morto ou semimorto ao mar, em parte por não possuir um tamanho satisfatório. O esgotamento do bacalhau, um dos peixes favoritos da culinária da região, já levou até a restrições legais, e a União Européia também tomou providências para reduzir a frota pesqueira de seus países.

Woolford julgou "um tanto promissoras" as reformas do setor pesqueiro propostas pela UE três anos atrás, mas considera ao mesmo tempo alarmante os rastros de destruição e desperdício ainda deixados pela pesca no continente.

No começo do mês, o WWF chamou a atenção para a pesca ilegal de determinadas espécies de atum no Mar Mediterrâneo para além das cotas internacionais permitidas.

Pouco peixe para muito pescador

Para Woolford, a demanda crescente é a principal causa do aumento da pesca insustentável. "Há muitos barcos para muito pouco peixe, com subsídios mantendo estável o tamanho da frota pesqueira européia e um grande volume de pesca ilegal ­– especialmente do atum de barbatana azul no Mediterrâneo e do bacalhau no Mar Báltico", conta.

"O peixe está na moda e é hoje muito mais popular", explica. "Mas 60% do que chega aos pratos europeus provêm de águas não-européias".

O relatório do Fundo critica a pesca ilegal com rede à deriva no Marrocos, destinada a atender a demanda do mercado consumidor europeu por peixe-espada, e que causa a morte de dois tubarões para cada peixe-espada capturado.

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Detritos são um dos principais problemas da pescaFoto: AP

Consumidores devem observar selo

Em setembro último, a Comissão Européia propôs um corte de 15% nas cotas permitidas de pesca ao bacalhau no Mar Báltico como forma de recuperar os estoques. A medida será avaliada em outubro por cada país-membro.

Duzentos barcos de pesca europeus terão permissão para pescar na região, sujeitos a um limite de dois anos, dependendo da espécie pescada, em troca de 86 milhões de euros em concessões à Mauritânia, incluindo fundos de incentivo à indústria pesqueira de países norte-africanos.

O WWF aconselha os consumidores europeus a buscar pelo selo do MSC (Marine Stewardship Council ou Conselho de Curadoria Marinha), que criou um padrão reconhecido internacionalmente para atividades pesqueiras sustentáveis e bem-administradas. Alguns varejistas europeus já adotaram o uso do selo.