Empresariado exige menos intervenção estatal
23 de setembro de 2002A Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK) exigiu amplas reformas ao governo social-democrático e verde, reeleito neste domingo (22). O país precisa de um novo plano de ação, para que suas políticas econômica e social voltem a se tornar competitivas, destacou o presidente do DIHK.
Ludwig Georg Braun lembrou a necessidade de flexibilizar o mercado de trabalho, de melhorar as chances de formação profissional e de dar um apoio maior à pesquisa. A confederação, entretanto, não acredita na concretização das expectativas de impulso conjuntural, previstas pelo governo berlinense ainda para este ano.
"Com certeza, um grande número de empresários não votou no SPD e no Partido Verde", acrescentou Braun, que concluiu: "Eles estão desiludidos com o resultado da eleição e deverão esperar algum tempo, por provas de confiança do governo, antes de fazerem novos investimentos." O prognóstico do DIHK para o crescimento da economia alemã em 2002 é de 0,5%, enquanto o governo alemão ainda acredita em 0,75%.
Conseqüências diretas
– O presidente do Instituto Alemão de Pesquisas Econômicas (DIW) está otimista. Klaus Zimmermann acredita que o novo governo não se intimidará diante das reformas necessárias para reaquecer a economia. Ele não acredita, no entanto, em conseqüências diretas do resultado eleitoral na conjuntura econômica.Zimmermann também não crê em riscos para o mercado de ações. "É possível que haja reações imediatas, mas a economia sempre funciona a longo prazo. Por isso, deve prosseguir o curso de consolidação financeira em andamento", termina o presidente do DIW.
O Instituto Alemão de Pesquisas Econômicas foi o único que não alterou seus prognósticos no decorrer do ano. Sua previsão de crescimento é de 0,6% para 2002 e de 2,1% para o ano que vem. A reforma mais urgente na Alemanha, segundo Zimmermann, deveria acontecer no sistema de saúde.
Também as associações de empresas advertem que a Alemanha precisa de mais competitividade e menos intervenção estatal. A Confederação Alemã das Indústrias (BDI) exigiu reformas nos sistemas fiscal e de aposentadorias. Numa declaração divulgada em Berlim, nesta segunda-feira (23), a presidência do BDI adverte que, antes de tomar qualquer medida, o governo deve certificar-se que ela vai contribuir para o crescimento e a criação de novos empregos.
Ameaça de advertência da UE
– "Na política exterior, é necessário normalizar o mais depressa possível as relações com os Estados Unidos e melhorar a coordenação da política européia", sugere o empresariado alemão. Ao mesmo tempo, defende o cumprimento do Pacto de Solidariedade, sem diminuir os investimentos.Depois que Berlim escapou por pouco, em março último, de uma advertência da UE (a chamada "carta azul"), pode ser que, passada a eleição, a Comissão da UE chame agora a atenção da Alemanha.
Especialistas não acreditam que o país consiga uma redução no déficit em torno de 11 bilhões de euros, ultrapassando dessa vez o limite de 3% do PIB, estabelecido para o déficit orçamentário pelo Tratado de Maastricht.
No mercado de ações, o dia após as eleições foi de otimismo para as empresas do setor de energia eólica. Após o aumento no valor das ações de sua empresa nesta segunda-feira (23), Wolfgang von Geldern, da firma Plambeck, manifestou-se tranqüilo.
"Finalmente podemos contar com o fato de que o governo do SPD e dos Verdes poderá colocar em prática as subvenções por prometidas na área da energia renovável. Se Stoiber, da CDU/CSU tivesse ganho, temíamos que as subvenções para o setor seriam canceladas," justifica o empresário.