1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Empate técnico aumenta tensão

Estelina Farias17 de setembro de 2002

A quatro dias da eleição parlamentar na Alemanha, diminuiu a vantagem da coalizão de governo centro-esquerda sobre a aliança de centro-direita. A eleição está indefinida.

https://p.dw.com/p/2f53
Gerhard Schröder fatura voto com sua resistência a uma guerra contra o IraqueFoto: AP

A tensão aumenta na Alemanha na medida em que se aproxima a eleição do novo Parlamento, no domingo (22), que vai eleger um novo governo. Caiu de quatro para dois pontos percentuais a vantagem do Partido Social Democrático (SPD), do chanceler federal Gerhard Schröder, sobre a aliança democratã-cristã (CDU e CSU) do concorrente Edmund Stoiber. A expectativa se deve também ao fato de que um terço dos 61,2 milhões de eleitores permanecem indecisos.

O SPD conta agora com 39,5% das intenções de voto e a dupla de partidos conservadores com 37,5%. Os verdes, parceiros dos social-democratas na coalizão de governo, também sofreram uma redução de dois pontos percentuais e estão agora com 6% das preferências de voto. O Partido Liberal, tradicional aliado da CDU e CSU, encontra-se igualmente em baixa, com 5,5%. Isto representa apenas meio por cento a mais que o mínimo de 5% de votos necessários para um partido ter representação no Parlamento.

Simpatia pessoal

Por razões não explicadas pela pesquisa da emissora de direito público, despencou em 10% o grau de simpatia do chefe de governo atual em relação ao seu antecessor, mas Schröder ainda mantém-se em posição muito superior. Sua popularidade é de 50% e a de Helmut Kohl, 39%. O adversário Stoiber está classificado em terceiro lugar no quesito simpatia. A eleição do chanceler federal alemão (primeiro-ministro) é indireta e ganha o candidato dos partidos que tiverem maioria no Parlamento. O ex-chanceler Kohl não é candidato a nada e abandonou a política ativa.

Iraque é cabo eleitoral

O Iraque revelou-se um cabo eleitoral eficiente do governo. Com sua resistência firme a uma guerra dos Estados Unidos para derrubar o presidente Saddam Hussein, Schröder conquistou votos dos pacifistas para o seu partido. A despeito dos esforços da oposição de centro-direita, o desemprego, que atinge 9,6% da população apta ao trabalho, passou para segundo plano na campanha eleitoral.

A concessão anunciada pelo Iraque de permitir o retorno incondicional dos inspetores de armas da ONU, quatro anos depois, não deverá mais influenciar o voto dos alemães no domingo, segundo opinião unânime de pesquisadores de eleições. Eles calculam que não será decidido até a eleição sobre o perigo de uma guerra dos EUA para derrubar o presidente Saddam Hussein e, portanto, o assunto não influenciará mais eleitores alemães, conforme avaliação do pesquisador da Universidade de Bonn, Frank Decker. Na sua opinião, Schröder e seu partido tiveram muita sorte com o prolongamento do conflito Iraque-EUA.

O pesquisador e catedrático da Universidade de Dresden Hans Vorländer também não acredita que o tema desemprego volte para o primeiro plano na reta final da campanha eleitoral. Se voltasse, aumentaria as chances da oposição nas urnas. Matthias Jung, integrante de um grupo de pesquisa de eleições, também acha que o assunto Iraque continuará ajudando os social-democratas, embora o adversário Stoiber esteja tentando explorar a concessão de Saddam Hussein como "uma prova de que a política de Schröder para o Iraque é errada".

Os pesquisadores são unânimes que as causas da virada nas intenções de voto a favor dos social-democratas, verificada no fim da semana passada, foram a ação do governo na enchente do século que castigou principalmente o leste da Alemanha e o não categórico de Schröder a uma ofensiva militar contra o Iraque.

O SPD conseguiu também safar-se bem do problema alemão número um, o desemprego, segundo o pesquisador Decker. Para desempatar a eleição, a oposição democrata-cristã terá de convencer alguns eleitores de que Schröder adotou uma posição populista na questão do Iraque. O potencial de eleitores indecisos é estimado em 20,4 milhões.