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Obama e Romney pouco diferem na política externa

23 de outubro de 2012

Candidatos apresentaram propostas semelhantes para temas-chave como Irã, China e Oriente Médio. Pesquisa de duas emissoras norte-americanas mostram que Obama saiu vencedor do confronto.

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Foto: Reuters

A duas semanas das eleições presidenciais nos Estados Unidos, a disputa eleitoral ainda não está definida. De acordo com as pesquisas de opinião, o atual presidente, Barack Obama, e seu desafiante republicano, Mitt Romney, estão ambos no páreo.

Isso mostra, principalmente, que o país continua dividido sobre qual direção deverá seguir. E o terceiro e último debate na televisão mostrou que os candidatos não são tão diferentes quanto à política externa.

Mitt Romney se esforçou, principalmente, em mostrar que não incentiva a guerra, mas sim, em se apresentar como soberano chefe de estado. Por isso ele estava menos ofensivo em relação ao presidente Obama e assumiu uma retórica mais simples. Além disso, Romney se voltou mais para o centro – tática que ele usou com sucesso no primeiro debate e que surpreendeu Obama.

O ex-governador de Massachusetts explicou que, por um lado, quer processar a China pelo desrespeito a os acordos comerciais. Por outro lado, vê o país como parceiro comercial.

Romney também quer processar o presidente do Irã, Mahmud Ahmadinedjad, por "genocídio", mas rejeita uma intervenção militar naquele país e exige, em vez disso, sanções mais rigorosas. O que mostra que ele não está longe da atual política externa dos Estados Unidos.

Uma pesquisa de opinião indicou que Obama saiu vencedor do terceiro e último debate na televisão. De acordo com a pesquisa da emissora CBS, 53% dos entrevistados consideraram Obama melhor, contra 23% a favor de Romney. Já na pesquisa divulgada pela CNN, o atual presidente foi considerado vencedor por 48% do público, e seu desafiante, por 40%.

Muitas perguntas estão em aberto

Como os debates anteriores, esse encontro dos candidatos, mais uma vez, não acrescentou muitos detalhes às propostas já conhecidas. O presidente Obama ainda não explicou por que não houve reforço na segurança do consulado norte-americano em Bengasi, na Líbia. Há poucas semanas o embaixador norte-americano foi morto em um ataque ao consulado.

Nenhum dos dois candidatos apresentou ideias ou iniciativas que possam levar à solução do conflito no Oriente Médio. Mitt Romney quer retirar as tropas do Afeganistão até 2014, o que o presidente Obama e os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) já decidiram.

A diferença entre os dois candidatos quanto à política externa diz respeito principalmente à retórica: Mitt Romney quer um país mais forte, que assuma liderança internacional e que impulsione a educação em estados democráticos estáveis no mundo árabe e no Paquistão. A política do presidente Obama é alinhada com alianças internacionais, e a nação que ele quer formar é a sua própria.

Política econômica deve decidir o jogo

No debate, porém, outra coisa ficou clara: política externa e de segurança não é o que realmente interessa aos eleitores – e os dois candidatos sabem disso. De acordo com uma pesquisa de opinião divulgada em outubro, 37% dos norte-americanos declararam que a situação econômica é o principal problema no país, 26% citaram a alta taxa de desemprego, que atualmente está em 7,8%.

Como preocupação, há ainda o déficit orçamentário e uma insatisfação geral com o governo. A política externa ocupa uma das últimas posições nas preocupações dos eleitores. Em comparação, no ano de 2004 a guerra do Iraque ocupava o topo da lista, com 23%. Neste momento os Estados Unidos estão preocupados principalmente consigo mesmos.

Por isso não é de se admirar que Mitt Romney tenha sempre chamado a atenção para temas domésticos: a situação econômica ruim, a alta taxa de desemprego, a reforma da saúde e o sistema educacional.

E aqui há o contraste fundamental em relação ao presidente: enquanto Romney quer manter o papel do Estado como secundário e quer colocar o país nos eixos por meio da economia de livre mercado, Obama pretende impulsionar o crescimento com o estímulo do Estado.

Sem dinheiro

O país está indeciso sobre qual variante priorizar. E essa indecisão vai refletir também em Washington: é bem provável que nenhum dos dois partidos venha a ter maioria no Congresso ou no Senado.

Caso conquiste seu segundo mandato, o presidente Obama terá que enfrentar um congresso de deputados dominado por republicanos. Caso se torne presidente, Romney, muito possivelmente, deverá lidar com uma maioria de senadores democratas.

Ao mesmo tempo que Romney promete liberar mais dinheiro para o Pentágono e construir mais navios, além de prometer um país mais forte que conduz as outras nações, ele não constata, em seu discurso, que falta dinheiro para isso.

O novo presidente terá muitas tarefas pela frente, tais como eliminar o déficit recorde, a dívida pública e a alta taxa de desemprego. A política externa deverá ficar em segundo plano.

Autora: Christina Bergmann, de Washington (fc)
Revisão: Francis França