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Em busca do mercado feminino

Jennifer Abramsohn (rsr)28 de novembro de 2005

A venda e o consumo de cerveja na Alemanha não crescem há anos. Agora, fabricantes da "loira gelada" apostam em versões mais leves e saudáveis para o paladar de uma promissora fatia de mercado: a mulher.

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Cervejarias alemãs estão de olho nas mulheresFoto: AP

O ano é 1955 e, com o slogan "Cerveja Beck's... mata a sede masculina!", a fabricante de Bremen, na Alemanha, buscava aumentar o número de apreciadores de seu produto. O público-alvo: exclusivamente homens.

A propaganda precisou se adaptar aos novos tempos e trocou a chamada para "Bem-vindo à experiência de Beck's", o que dá um caráter mais inclusivo e urbano. De qualquer forma, a mentalidade das décadas de 50 e 60 parece ser um reflexo dos hábitos de bebida no país. Na Alemanha, beber cerveja é um grande passatempo masculino.

Inimigas da cerveja

Apesar do longo caso de amor entre os alemães e sua bebida nacional, a Alemanha recebe a medalha de bronze no ranking de maiores consumidores. Está atrás da República Tcheca e da Irlanda. Outro ponto desfavorável na disputa é a quantidade de apreciadoras do "ouro líquido": o país tem uma das porcentagens mais baixas da Europa.

Glas Bier mit Zapfhahn
Mulheres associam cerveja ao consumo em excessoFoto: AP

Conforme estudo apresentado em 2004 pelo grupo internacional Mintel, especializado em pesquisas de mercado, 75% dos alemães bebem cerveja, enquanto a taxa feminina alcança apenas os 29%. Na Espanha e no Reino Unido, o índice de consumidoras femininas chega a 40%. Até mesmo na Itália, onde a cerveja é vista como uma alternativa moderna para substituir o vinho, a porcentagem de "bebedoras" é maior.

Para Michael Busemann, da Agência Colônia de Relações Públicas, "a cerveja tem uma imagem negativa entre as mulheres". Ele explica que o público feminino quer beber algo especial, pedirá um champagne ou vinho. "Elas ligam cerveja ao fato de que engorda ou à imagem de bêbados. E isso não é chique", complementa.

Preceito de pureza

Mais do que nunca, as cervejarias têm razão em tentar alterar este aspecto. Vendas domésticas e consumo estão em declínio uniforme desde os anos 90 – e as mulheres representam um segmento de mercado óbvio.

Parte do problema são as leis que determinam os preceitos de pureza (decretados pelo duque Guilherme 4º, da Baviera, em 1516). Receber o rótulo de cerveja significa conter malte, lúpulo, água e fermento. Ao mesmo tempo que protege a integridade do produto nacional, a lei impede o desenvolvimento de novos sabores e tipos de cerveja.

Beer Business
Lei garante confiança, qualidade e consistência da cervejaFoto: AP

Mas recentes processos judiciais contra cervejas que contêm outros ingredientes, como açúcar, mostraram que com um pouco de criatividade é possível enganar a lei. Bebidas com baixo teor de álcool e a nova explosão de drinks contendo cerveja e suco de fruta já podem ser vistos no mercado.

Leia a seguir: novas cervejas para o público feminino

Onda dourada

Becks Gold Bier Flasche
Cerveja alemã iniciou a onda douradaFoto: AP

Birte Kleppien, da Associação dos Fabricantes de Cerveja da Alemanha, se refere a esta tendência clara de mercado em direção às mulheres como a "onda dourada". A cerveja Becks Gold foi a pioneira e foi rapidamente seguida por outras grandes cervejarias.

"Do dia para a noite, as prateleiras estavam repletas de cerveja para quem não gosta de cerveja", brinca Birte.

De acordo com Karl Ullrich, da revista Brauwelt, essas bebidas na versão light tiveram aceitação imediata. "Mesmo assim, as cervejarias provavelmente admitirão que o produto é especificamente direcionado às mulheres", diz. "Você não pode oferecer ao mercado feminino um produto só para mulheres porque elas não comprarão", explica Ullrich.

Quanto menor, melhor?

Mas nem tudo está perdido na batalha para conquistar o paladar das mulheres. "Em algumas regiões da Alemanha, onde o caneco de um litro é uma regra, os bares começam a oferecer quantidades menores de cerveja", explica Birte, da Associação dos Fabricantes de Cerveja do país. Entre as opções estão copos com 300ml, 200ml e até copos de aperitivos. "É uma pequena revolução", festeja.

Bier bringt hier in Rostock die Kellnerin Nicole Kalderos
Canecos já dividem espaço com copos de cervejaFoto: AP

A nova onda de cervejas saudáveis (mistura desenvolvida para um público altamente preocupado com a saúde) oferece aos cervejeiros a melhor forma de aumentar os índices da indústria alemã.

Outro ponto forte são as propriedades nutricionais da cerveja. Mais de 3 mil estudos médicos mostram que o líquido dourado é rico em vitamina B, magnésio e antioxidantes (se consumido com moderação).

Exemplos de sucesso

Acredita-se que um oxidante presente no lúpulo previne câncer, ataques cardíacos, derrames e até o Mal de Alzheimer. A cervejaria bávara Weihenstephan descobriu, recentemete, um meio de concentrar os níveis deste antioxidante, camado de xanthohumol e está lançando sua cerveja com o nome de Xan.

Já a Karlsberg está dando um passo à frente no que se refere a cervejas saudáveis. Está em testes uma mistura chamada de Karla, com extratos de ervas, cerveja, tônicos, ácidos fólicos, vitaminas, soja e lecitina. A venda acontecerá em farmácias.

O relações-públicas da cervejaria, Marc Kirch, confessa que, até o momento, Karla está indo melhor que o esperado. "E será provavelmente lançada nacionalmente no próximo ano", diz.

Karla Produktbilder, Karlsberg
Cerveja da Karlsberg será vendida em farmáciasFoto: karlsberg.org

"Mulheres acima dos 40 normalmente freqüentam farmácias e são um grupo muito conscientizado. Então nós pretendemos atingir este público", conclui Kirch.