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Em Berlim, Kerry diz que tensão leste-oeste volta a ameaçar Europa

22 de outubro de 2014

Secretário de Estado americano elogia contribuição da Alemanha na luta contra o "Estado Islâmico" e relembra o tempo em que viveu na cidade dividida "entre a luz e as trevas" pelo Muro, derrubado há 25 anos.

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Foto: Getty Images/Pool

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, elogiou a contribuição da Alemanha na luta contra a milícia "Estado Islâmico" nesta quarta-feira (22/10), durante visita a Berlim.

Antes de se reunir com a chanceler federal Angela Merkel, ele afirmou que os Estados Unidos "apreciam muito" a contribuição da Alemanha para a superação das crises globais. Kerry também visitou restos do Muro de Berlim e alertou que tensões entre leste e oeste podem voltar a ameaçar a liberdade na Europa.

Merkel disse que o ano de 2014 coloca a comunidade mundial diante de tarefas "muito difíceis". "Por isso, é bom que possamos dizer que trabalhamos em estreita parceria e coordenação com os Estados Unidos", afirmou.

Ela citou a luta contra a milícia terrorista "Estado Islâmico" (EI), a epidemia do ebola, as negociações sobre o programa nuclear iraniano e o conflito na Ucrânia. Kerry agradeceu à Alemanha pelo papel de liderança na abordagem dessas crises.

Alerta diante de restos do Muro

John Kerry visitou restos do Muro de Berlim e alertou que, 25 anos depois de seu colapso, tensões leste-oeste possam novamente ameaçar a liberdade na Europa.

Falando onde antes era a fronteira que dividia a cidade alemã, Kerry disse que o que restou do Muro serviu como uma lembrança de que as liberdades "ainda estão sendo ameaçadas em muitas partes do mundo, e elas estão ainda sendo ameaçadas aqui na Europa".

"A agressão russa na Ucrânia precisa acabar", disse Kerry, pedindo a Moscou que cumpra todos os pontos do cessar-fogo acertado com Kiev, para acabar com a insurgência dos separatistas pró-russos no leste do antigo estado soviético. "Esperamos que a Rússia – com quem não buscamos o conflito, com os quem gostaríamos de estar trabalhando juntos para lidar com os problemas do mundo – esperamos que a Rússia entenda que o mundo leva a sério os esforços para se cruzar as linhas da soberania e independência de uma nação."

US-Außenminister Kerry in Berlin
Kerry visitou restos do Muro e lembrou da vida na Berlim divididaFoto: picture-alliance/AP Photo/Markus Schreiber, Pool

Filho de diplomata, Kerry passou parte de sua infância na Berlim dividida e já havia visitado o Memorial do Muro, localizado na Bernauer Strasse, na área central da capital alemã.

O secretário de Estado dos EUA disse que se sentia profundamente emocionado por voltar a Berlim décadas depois e pouco antes de a Alemanha comemorar, em 9 de novembro, o aniversário de 25 anos da derrubada do Muro.

Em um breve discurso em língua alemã em uma conferência de imprensa, ele elogiou a "longa história de cooperação para a liberdade, a paz e a prosperidade" dos aliados. Em seguida, recordou o tempo em que, quando criança, teve um breve vislumbre da vida sob o regime comunista do leste.

"Eu tinha 12 anos na época, e era muito curioso sobre Berlim Oriental. E me aproveitei dos privilégios de ter um passaporte diplomático para um dia passar de bicicleta até Berlim Oriental", lembrou.

"Eu senti a diferença, eu realmente notei isso. E isso me assustou o suficiente para que eu me virasse rapidamente para voltar ao setor americano. Era uma diferença entre a esperança e o desespero, entre a luz e as trevas", acrescentou. "Você notava isso na ausência de pessoas, na cor da roupa, na atmosfera. Era a diferença também, obviamente, entre a liberdade e a opressão. Pessoas que recebiam uma chance de fazer algo de suas vidas e pessoas que tinham negada essa chance."

O ministro do Exterior alemão, Frank-Walter Steinmeier, lembrou que a parte do Muro que passava por Berlim causou pelo menos 138 mortes, a maioria homens que foram baleados ou mortos por minas enquanto tentavam fugir. Steinmeier disse que historiadores iniciaram um novo estudo sobre quantas vidas foram perdidas ao longo de toda a parede que dividia o país, para descobrir se a cifra é de "600, 700 ou mesmo mil mortos".

MD/afp/dpa