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ELITES BRASILEIRAS

14 de maio de 2005

Os comentários deste semana enfocaram, entre outros, os temas: elites brasileiras, 50 horas semanais de trabalho, Memorial do Holocausto, futebol e cinema, ensino religioso e o modelo Fox da Volkswagen. Leia aqui.

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Arte indígenaFoto: Cid Collection, São Paulo

Sim, é um fato, as elites brasileiras não têm a responsabilidade de classe dirigente. O modelo oligárquico em que as elites brasileiras se desenvolveram as colocam de forma a observar corporativisticamente o mundo ao seu redor, destinando todos os seus esforços unicamente para manter e expandir sua zona de influência, seja política, econômica ou social.

O que não percebem, contudo, é que esta atitude corporativista as coloca num patamar muito limitado. Seu potencial de influência é limitado pela nação brasileira, pois ao negligenciar o desenvolvimento do Brasil, ao negligenciar a responsabilidade com a direção da nação rumo ao desenvolvimento, estas elites limitam seus potenciais de influência. Um autor austríaco, Andreas Novi, escreveu sobre o tema em livro chamado A Desordem da Periferia, muito interessante.

Gustavo Tosello Pinheiro

Concordo, as elites brasileiras não têm a responsabilidade de classe dirigente. Há que citar o caso de um alto figurão da República, que ao levantar empréstimo bancário, deu como garantia fazendas que não existem. E fica tudo por isso mesmo. Aquilo que George Orwell concebeu como piada, "todos são iguais perante a lei, porém uns são mais iguais que outros", é a realidade cotidiana no Brasil. Nós brasileiros precisamos lembrar algo que os alemães já sabem: bandidos têm vontade de poder. E muita. E chegam ao Congresso para usufruir das garantias e imunidades conferidas aos parlamentares.

Há que acrescentar ainda que essas elites, com todo o poder de usar a máquina estatal, colocam-se como sócias compulsórias de grandes investimento estrangeiros, nem sempre agregando valor.

E desde os tempos de Tácito já se sabia: Corruptissima republica plurimae leges (Estado Corrupto, múltiplas leis).

Eu sempre me perguntei como nós brasileiros conseguimos conviver com tantas contradições. E me parece que é algo como "aprender a ser burro" no trato social e político.

Dilemas de consciência são para aqueles que TÊM consciência, e uma grande parcela da população brasileira prefere "não esquentar a cabeça" a confrontar-se com os dilemas por vezes angustiantes que a racionalidade política necessariamente provoca.

Lyndon C. Storch Jr.

As elites brasileiras não têm nenhum compromisso com a cultura, tanto que nosso ministro Gilberto Gil tem reclamado de poucas verbas para a cultura. Enquanto a Unesco pede pelo menos l% do PIB investido na cultura, o Brasil aplica apenas 0,3%. Isso inviabiliza o desenvolvimento cultural.

Ariovaldo L. Lucas

No Brasil, ninguém dá importância ao índio. É um ser esquecido, lembrado apenas quando alguma coisa de ruim acontece com eles. O que mais irrita os brasileiros é sempre serem taxados como um povo amazônico, semitribal, como se as civilizações "desenvolvidas" existissem apenas na Europa ou USA.

O Brasil é um país muito grande, com imensas diferenças socioculturais em suas diferentes regiões. Aqui, temos cidades em que só se fala em alemão, outras só em italiano, fruto das colonizações. Isto também é Brasil e merece ser observado, não só índio e negros. Temos miséria e riqueza, cidades lindas e horríveis, loiros e mulatos, mas o mundo só vê a miséria, o horrível e os mulatos...

Marcio Burkert

50 HORAS SEMANAIS DE TRABALHO

Como no Brasil trabalhar 50 ou mais horas por semana para ganhar 500 reais ou menos é uma constante, não existe novidade. A surpresa é que isso esteja ocorrendo na Alemanha, sendo um país desenvolvido e que, via de regra, deveria manter a qualidade de vida das pessoas em um nível agradável. O problema maior, a meu ver, é as pessoas acabarem achando que isto também faz parte do contexto e se acostumem. Dessa forma, a Alemanha também se igualaria aos países que exploram a mão-de-obra barata em detrimento de pessoas cada vez mais pobres.

Alexandre

MEMORIAL DO HOLOCAUSTO

Catastrófica, vergonhosa, imoral e desumana. Esses são adjetivos que certamente se aplicam à Segunda Guerra Mundial, cujo lado mais nefasto se revela através do Holocausto. Os motivos para que os nazistas implantassem métodos que exterminaram milhares de judeus são realmente injustificáveis.

Mas, depois de 60 anos do conflito e da descoberta das atrocidades, fica a pergunta: quem é bandido ou mocinho nessa história? Se aquela máxima de que "a história é contada através dos vencedores", como é que ficam as outras vítimas que foram dizimadas por outros conflitos? Sabemos atualmente que a antiga União Soviética, país que foi essencial para a queda do nazismo, dizimou milhares de opositores do seu regime de governo brutal, cruel e despótico.

O que dizer então dos ingleses e franceses em relação aos seus impérios coloniais na África e Ásia? Até hoje essas regiões sentem os efeitos colaterais da dominação desses países. E os EUA, com sua aura de liberdade? Destrói, mata, subjulga e explora nações desde o século 19. Isso sem falar no que foi feito aos povos indígenas no seu território. Sinceramente, não vejo tanta diferença entre o governo de Hitler e o governo Bush, com seu nacionalismo exacerbado e a sua política imperialista, onde todo suspeito é culpado.

Até o Estado de Israel tem mea culpa. Para os palestinos, esse memorial soa como hipocrisia e piada de muito mau gosto diante do que vem sendo feito com seu povo. Até um muro foi criado para restringir o direito de ir e vir.

A situação fica mais constrangedora se levarmos isso a uma escala mundial envolvendo conflitos tribais, guerras religosas, criminalidade (nessa o Brasil está na ponta) e o descaso do Estado em relação aos direitos humanos.

No Brasil, existe uma velha prática política de construir monumentos como praças, chafaris, estátuas, etc, homenagendo algum político ou mesmo um parente de alguém famoso. Com o tempo ninguém mais se lembra quem inaugurou e nem quem está sendo homenageado. Ou seja, teve efeito contrário ao esperado.

Fazer monumentos não basta. É preciso que haja uma prática política coerente com as ações. Culpar outros por erros passados e cometer atrocidades no presente são situações que não podem ser mascaradas através de monumentos.

Fica então uma sugestão à ONU: por que não fazer monumentos ou conceder indenizações aos palestinos, africanos, latino-americanos, vietnamitas, afegãos, etc. Enquanto as nações mais poderosas não tiverem práticas condizentes com suas ações, ficarão faltando mais criminosos para serem julgados pela história juntamente com a Alemanha.

Erick Schunig

FUTEBOL E CINEMA

Cinema e futebol tem tudo em comum para mim! Fazer um gol em um estádio lotado ou salvar a rainha de um atentado podem ter a mesma emoção. Além disso, ambos são regidos pelo som e imagem e são muito sensoriais. Os atores dos filmes em relação ao futebol são os jogadores, cada vez mais, nestes dias de globalização, referências, ídolos e líderes. No cinema os atores também ditam moda e são cultuados. Um longa-metragem tem em media 100 minutos, um jogo tem 90, ambos movem multidões e muito dinheiro, além do coração. Bom, pode ser que tenha me tornado unilateral e simplista na comparação, mas adoro futebol, jogo futebol e trabalho com cinema. Fiquei chateado por não saber deste concurso de filmes antes e tentado participar.
Marcos Böhler

PARCEIROS DA COMUNIDADE DE ESTADOS INDEPENDENTES

Os países da CEI, inclusive a Rússia, poderiam aliar-se à UE e tornarem o continente forte econômica e socialmente, uma vez que futuramente os países asiáticos formarão um bloco e provável ficarão com a China, que terá o maior poder de compra mundial. A América (Norte, Central e Sul) formará o terceiro bloco, e muito provavelmente o Oriente Médio, junto com a África, será o entrave mundial em questões políticas, econômicas e sociais. Perder os países da CEI para outro bloco econômico é fechar definitivamente as fronteiras do futuro da UE, pois ela própria não poderá expandir-se mais, até mesmo em virtude da situação geográfica.

Fernando Clarindo

OBRIGATORIEDADE DO ENSINO RELIGIOSO

Acho importantíssimo o ensino religioso nas escolas do mundo todo, ele leva muita sensibilidade para os alunos que estão com o coração aberto para as coisas mais sutis, mais humanas, mais verdadeiras e não podemos deixar esses seres preciosos se perderem no meio da mediocridade das pessoas comuns, desprovidas de beleza, elevação espiritual e inteligência. Os seres humanos estão regredindo muito, estão bem próximos das bestas, imaginem sem religião nenhuma. Eu acho o laicismo uma coisa de gente bem limitada, desprovida totalmente de inteligência.

Jutilde A.Medeiros

FOX – O MODELO DESENVOLVIDO NO BRASIL

O Fox deveria ser definitivamente descartado, pelo simples motivo de que é um carro perigoso, especificamente no banco traseiro, que é um moedor de mãos (tive um dedo decepado pela queda do banco em operação de escamoteamento). A VW esqueceu do conceito de produção kid-safe ou, pejorativamente, "à prova de idiotas", fabricando este veículo com um perigo que nunca existiu em carro algum que eu conheça. O motivo de exportar para a Europa carros com banco traseiro diferenciado é por causa deste perigo presente nos nacionais. A justiça no Primeiro Mundo é muito mais rigorosa.

Gustavo Takao Funada