Ásia
27 de junho de 2010Depois de ganhar destaque em noticiários internacionais pela violência gerada por diferenças étnicas, o Quirguistão tenta escrever uma nova história neste domingo (27/06). Os cidadãos do país foram às urnas aprovar uma nova Constituição.
Se o referendo for aprovado, o Quirguistão pode passar por uma transição politica e se transformar numa democracia parlamentar. Com isso, a presidente interina, Rosa Otunbajewa, que assumiu após a deposição do presidente Kurmanbek Bakiyev, ganharia legitimidade para permanecer no cargo até o fim de 2011.
Otunbayeva votou nesta manhã na cidade de Osh, região sul do país e centro do confronto étnico entre os quirguizes, maioria, e uzbeques, grupo minoritário. "O nosso país, hoje, está à beira de um grande perigo, mas os resultados do referendo mostrarão que o país é unido e que somos um só povo", disse a líder interina
Desde 10 de junho, quando o conflito começou, 283 pessoas morreram – no entanto, estima-se que esse número chegue a 2 mil, e mais de 500 mil desalojados. As autoridades locais atribuem os distúrbios aos barões da droga e aos partidários do presidente deposto Bakiyev.
Cerca de oito mil policiais trabalham para manter a segurança ao longo do dia de votação, número equivalente ao de voluntários de segurança.
Possíveis eleições gerais em outubro
"Você aprova uma nova Constituição?", é a pergunta que o referendo faz aos eleitores. Se as mudanças forem acatadas, o poder voltaria a ser de um primeiro-ministro, saindo das mãos do presidente. Eleições parlamentares poderiam ser realizadas já em outubro, abrindo caminho para um possível reconhecimento diplomático do governo interino.
O grupo uzbeque, que compõe 15% dos 5,5 milhões de habitantes, não veria seu papel político crescer em importância na nova Constituição, acreditam especialistas. Se a nova Constituição for aprovada, será a sétima desde que o Quirguistão ficou independente na antiga União Soviética, há 19 anos.
A Organização para Segurança e Cooperação na Europa, OSCE, enviou 25 observadores ao país, mas não Osh e Jalal-Abad, cidades consideradas perigosas. No entanto, há informações que os eleitores votam com tranquilidade nesses locais.
Os Estados Unidos e a Rússia disseram que darão apoio a um governo forte, que consiga evitar o tumulto no país asiático. A região é estratégica, já que faz fronteira com o Afeganistão e foi dominada, até agora, tal como os países vizinhos, por presidentes autoritários.
NP/rts/lusa/apn/ap
Revisão: Marcio Damasceno