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Eleição à presidência alemã

4 de junho de 2010

Partidos do governo defendem seu candidato à presidência, Christian Wulff, como personalidade conciliadora e compatível com amplas camadas da população. Oposição fala de mera tática partidária e nomeia candidato próprio.

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Wulff X GauckFoto: AP

O democrata-cristão Christian Wulff, atual governador da Baixa Saxônia e candidato à presidência da Alemanha lançado pela coalizão conservadora-liberal, agradeceu sua indicação para o cargo de chefe de Estado. Nessa função, ele considera possível "unir as pessoas, fazer algo pela coesão da sociedade alemã, encorajar a população e propagar otimismo em tempos difíceis".

O candidato escolhido como sucessor de Horst Köhler, cuja renúncia apresentada em 31 de maio surpreendeu políticos e opinião pública na Alemanha, foi anunciado nesta quinta-feira (03/06).

A chanceler federal Angela Merkel considera Wulff apropriado para a função, por reconhecê-lo como um político "sempre aberto às pessoas, disposto a experimentar coisas novas, criativo e com iniciativa de estabelecer contatos". Merkel também destacou como qualidade o sistema de valores do político de 51 anos, que – se eleito pela Assembleia Federal em 30 de junho – será o mais jovem presidente da República Federal da Alemanha.

Os líderes dos demais dois partidos da coalizão de governo também endossam a candidatura. Horst Seehofer, presidente da União Social Cristã (CSU), elogiou o trabalho de Wulff no governo do estado da Baixa Saxônia, considerando o candidato conservador compatível com todas as camadas da população e todas as regiões do país.

Para Guido Westerwelle, presidente do Partido Liberal (FDP), Christian Wulff é um político capaz de se colocar a serviço de todos os cidadãos. Na Baixa Saxônia, a cooperação dos liberais com o governador sempre foi positiva, argumentou Westerwelle.

Os partidos da situação detêm a maioria da Assembleia Federal por uma vantagem de 20 votos, o que significa que Wulff estaria eleito automaticamente apenas com o apoio dos representantes da coalizão.

Candidato da oposição também é respeitado por conservadores

A oposição reagiu com indignação à escolha do candidato pelos partidos do governo, acusando Angela Merkel de não ter indicado um nome que conte com a aceitação das demais bancadas. Wulff foi rejeitado como candidato pelos social-democratas, verdes e esquerdistas, que consideram sua indicação uma tática estritamente partidária.

O Partido Social Democrata (SPD) e o Partido Verde anunciaram a nomeação do ex-ativista de direitos humanos da antiga Alemanha Oriental, Joachim Gauck. Segundo ressalta a oposição, Gauck seria um candidato também aceitável pelos conservadores, por ser uma figura pública que conta com amplo respeito no país. De fato, políticos liberais declararam que Gauck também teria sido um nome viável, caso Wulff não tivesse sido indicado candidato.

Joachim Gauck als Pfarrer einer der Wende-Aktivisten in Rostock
Joachim GauckFoto: dpa

O teólogo Joachim Gauck, de 70 anos, apartidário, assumiu em 1990 a função de encarregado federal para os arquivos do serviço secreto da antiga República Democrática Alemã (RDA), tendo conquistado reputação pública na apuração das atividades dos agentes e informantes do Stasi, o Ministério de Segurança da RDA. Hoje Gauck dirige a associação Gegen das Vergessen – Für Demokratie (Contra o Esquecimento – Pela Democracia), empenhada no combate ao extremismo, à xenofobia e à discriminação.

Gauck, que desde 2000 rejeitou qualquer chance ou oferta de cargos políticos, agradeceu sua nomeação por parte de social-democratas e verdes. "A liberdade do adulto se chama responsabilidade", declarou ao aceitar a candidatura.

Ele preferiria que "todos tivessem dito juntos: 'O senhor não quer assumir esta tarefa?'"; um pedido desses ele diz que teria acatado na hora. Mesmo não sendo esse o caso, ele não considera apropriado se manter totalmente de fora: "Então acabei dizendo 'sim' para a responsabilidade".

"Agradável, sem graça e conforme"

O diário Süddeutsche Zeitung, de Munique, descreve o candidato dos conservadores e liberais à presidência da Alemanha como um clássico político de carreira, fiel ao seu partido, a União Democrata Cristã (CDU). A decisão da coalizão de governo, naturalmente rejeitada pela oposição, mostra que – após as recentes experiências com Horst Köhler na presidência – Angela Merkel e seus correligionários não estão dispostos a nomear uma pessoa não conforme para o cargo.

"Christian quem?", indaga o Financial Times Deutschland. O jornal descreve a indicação de Wulff como uma derrota de Angela Merkel dentro de seu partido. Afinal, a premiê tinha apostado desde a renúncia de Köhler no nome da democrata-cristã Ursula von der Leyen, ministra do Trabalho. Esse sinal de fraqueza política da chanceler federal entre seus correligionários seria mais preocupante do que a candidatura de Wulff, assinala o jornal.

Já o Stuttgarter Nachrichten considera a nomeação de Wulff um gesto tático da chefe de governo. "Na urgência, Angela Merkel se lembrou do pai dos democrata-cristãos, Konrad Adenauer. Com o slogan "sem experimentos", Adenauer conseguiu se reeleger à Chancelaria Federal em 1957. Para o jornal, a opção por Wulff representa uma sóbria estratégia de poder e uma atitude pragmática. Afinal, "Merkel pode ter certeza de que Wulff vai desempenhar a função de forma rotineira e segura, sem cometer erros no cenário político".

O Frankfurter Rundschau, por sua vez, considera a escolha dos conservadores e liberais semelhante ao próprio candidato: agradável, sem graça e conforme. "Não que isso não signifique nada, mas é muito pouco diante dos desafios da atualidade e diante da lacuna que já se fazia sentir durante o segundo mandato de Köhler", comenta o jornal.

SL/dpa/apn/rtdt/afp
Revisão: Roselaine Wandscheer

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