1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Efeitos do verão sobre a economia alemã

Paulo Chagas11 de agosto de 2003

O aumento do consumo de sorvetes, de água mineral e de energia elétrica são algumas das conseqüências do verão 2003 na Alemanha, que conheceu temperaturas excepcionalmente elevadas e um longo período de sol e seca.

https://p.dw.com/p/3xsy
Praias cheias em Cuxhaven, no Mar do NorteFoto: AP

Por incrível que pareça, o forte calor de mais de 30º atrapalhou as tradicionais liqüidações de verão, que começam na última segunda-feira de julho. De tarde, sobretudo, as lojas permaneceram vazias, pois as pessoas preferem aproveitar o sol nos parques ou sentadas nas varandas dos bares e cafés.

Porém, muitos comerciantes afirmam que as vendas seriam bem piores sem o calor, pois muita gente resolveu entrar nas lojas para aproveitar o ar condicionado. As lojas são os lugares mais frescos da cidade

Consumo recorde de sorvete e água mineral

Os fabricantes de sorvete e de água mineral são os que mais saíram ganhando com o calor. As grandes marcas como a Schöller, que pertence à Nestlé, e a Langnese, filial da Unilever, chegaram ao limite de sua capacidade de produção.

Em 2002, foram vendidos 522 milhões de litros de sorvete na Alemanha, o que representa um consumo per capita de 6,3 litros.

Com temperaturas máximas de 39º C, o verão deixou os alemães com sede, principalmente de água mineral. As vendas cresceram 10% em relação ao ano passado.

Aliás, o consumo de água mineral vem crescendo desde há alguns anos. A média anual pulou de 139,8 litros em 2001 para 148 em 2002 e este ano deverá bater um novo recorde.

O consumo de cerveja também aumentou com o calor. No mês de junho, foi 9,3% maior que no ano anterior. Algumas cervejarias estão trabalhando em tempo integral para atender a demanda.

Algumas marcas de cerveja estão com problemas, por falta de garrafas. Os fabricantes pediram aos consumidores para devolverem rapidamente os cascos.

Seca afeta hidrovias e consumo de energia.

A seca afetou o transporte de carga através das hidrovias alemãs. O nível das águas do Reno, que é a principal hidrovia alemã, está 1,5 metro mais baixo da média do verão, que é de quatro metros.

Tanto no Reno, quanto nos rios Elba e Danúbio, os navios são obrigados a transportar um volume menor de carga, para não encalharem.

A seca trouxe à tona, também, o problema do abastecimento de energia elétrica na Alemanha. Na semana passada , a principal fornecedora do Estado de Baden-Württemberg (EnBW) pediu à população para economizar energia.

Com as temperaturas elevadas, algumas centrais de energia nuclear foram obrigadas a reduzir sua produção, por falta de água de refrigeração.

Calor e desemprego

O verão pode ter também conseqüências negativas para o mercado de trabalho. Se continuar a onda de calor, as pessoas deixarão de consumir para aproveitar o sol nos parques e nas piscinas, alertou o analista Joahim Ragnitz, do Instituto de Pesquisa Econômica de Halle.

Conclusão: a economia alemã não está preparada para enfrentar temperaturas elevadas e um longo período de sol. Isto mostra como o consumo é estimulado como uma espécie de substituto – ou Ersatz para usar o termo filosófico alemão – dos prazeres proporcionados pelo clima e a natureza.