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"Economist" prevê ano desastroso para Brasil

Fernando Caulyt30 de dezembro de 2015

Com foto de Dilma cabisbaixa, revista britânica dedica primeira capa do ano ao país e publica reportagem repleta de críticas sobre perspectivas para 2016: "Até a Rússia, cheia de sanções, deve fazer melhor", ironiza.

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Cover The Economist 2016 Brasilien Präsident Dilma Rousseff
Capa da revista britânica, que estará nas bancas a partir de 02 de janeiroFoto: The Economist

A tradicional revista britânica Economist dedica a primeira capa de 2016 ao Brasil. Com o título "Queda do Brasil" e a foto da presidente Dilma Rousseff cabisbaixa, a publicação, que estará nas bancas a partir de 02 de janeiro, prevê que o ano de 2016 será desastroso para o país.

A revista frisa, logo no primeiro parágrafo da matéria, que o Brasil deveria iniciar o ano num clima de euforia devido aos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, fazendo uma festa espetacular. Mas, em vez disso, o país enfrenta "um desastre político e econômico".

O texto lembra o risco de impeachment de Dilma pelo Congresso, o escândalo de corrupção em torno da Petrobras e a redução da nota de crédito do país pelas agências de classificação de risco Standard&Poor’s e Fitch.

Ela citou também a saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, após menos de um ano à frente da pasta, e a estimativa de retração da economia de 2,5% e 3% em 2016, "não muito menor que em 2015". Segundo a publicação, "até mesmo a Rússia, dependente de petróleo e cheia de sanções, deverá fazer melhor".

Ao citar os Brics – grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul –, a Economist diz que o país deveria estar supostamente na vanguarda do crescimento das economias emergentes. Mas, ao contrário, enfrenta disfunções políticas e talvez o retorno de uma inflação galopante.

"Somente decisões difíceis podem trazer o Brasil de volta ao seu caminho", afirma, acrescentando que o país deveria realizar reformas importantes como da Previdência e da legislação trabalhista. Mas, na visão da publicação, as reformas não deverão ser colocadas em prática porque "neste momento, Dilma não parece ter estômago para elas".

A burocracia brasileira fará com que o atual ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, tenha dificuldades em 2016 para colocar o país nos trilhos. E, para piorar, há resistências dentro da base governista, especialmente do PT, que é contra o corte de gastos, e da oposição, que pretende avançar com o processo de impeachment.

A revista questiona: "E se Dilma não conseguir implementar mudanças?" A resposta, de acordo com o periódico, seria o crescimento da dívida pública e perdas nos ganhos sociais.

"A conquista do Brasil foi retirar dezenas de milhões de pessoas da pobreza. A recessão poderá paralisar ou mesmo reverter esse processo. A esperança é que o Brasil, que alcançou duramente a estabilidade econômica e democrática, não caia novamente em má administração e turbulência crônica", afirma a Economist.

Revista já deu outras capas ao país

Não é a primeira vez que a crise brasileira aparece com destaque na tradicional revista de economia. Em fevereiro deste ano, a publicação colocou na capa de sua versão para a América Latina a manchete "O atoleiro do Brasil" e o desenho de uma passista de escola de samba coberta por uma gosma verde.

Na época, a revista afirmou que o país passava por sua maior turbulência desde o início dos anos 1990. O periódico disse que os problemas econômicos do país eram bem maiores do que o governo admitia ou que os investidores pudessem perceber, e lembrou o escândalo de corrupção na Petrobras.

A revista também deu destaque ao país em novembro de 2009. A capa mostrou o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, decolando como se fosse um foguete e o título "O Brasil decola". Já em setembro de 2013, a publicação voltou a estampar uma montagem parecida com a de 2009, porém, agora com o Cristo Redentor afundando após o voo e o título "Será que o Brasil estragou tudo?".