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Duas emissões despertam esperança na bolsa

Neusa Soliz19 de maio de 2004

Pela primeira vez desde o fim de 2002, duas empresas se atreveram a lançar ações na Bolsa de Frankfurt: o fabricante de bicicletas Mifa e a Wincor Nixdorf, que produz caixas eletrônicos.

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Depois da nova economia, bicicletas made in SangerhausenFoto: AP

O mercado financeiro europeu não anda propício à emissão de ações, com a nova alta dos preços do petróleo, a perspectiva de aumento de juros nos EUA, a onda de violência no Oriente Médio, a incerteza quanto ao futuro do Iraque e o medo geral de atentados terroristas.

Nadando contra a corrente

Os índices das bolsas de valores despencam em todo o mundo e o DAX, das 30 principais empresas cotadas na Bolsa de Frankfurt, não é uma exceção: caiu 6% desde o início de maio. Na Alemanha, os acionistas estão com o pé atrás, depois de uma destruição sem precedente de capitais nos últimos anos, seja pela falência de firmas de internet ou crises em grandes empresas como a Deutsche Telekom, com forte desvalorização de suas ações.

Após o adiamento de duas emissões previstas para 2004, nada como uma notícia positiva para levantar os ânimos: dois lançamentos exitosos numa semana. No primeiro, segunda-feira (17), a Mifa, empresa do leste alemão que se transformou no maior fabricantes de bicicletas do país, lançou 1,5 milhão de ações a 9,25 euros. O interesse foi grande, tanto de parte de investidores privados como institucionais.

Bicicletas e caixas eletrônicos

O segundo, nesta quarta-feira (19), teve um volume mais significativo: a Wincor Nixdorf, segundo fabricante europeu de caixas eletrônicos, lançou 8 millhões de ações a um preço de 41 euros. "Apesar da situação desfavorável no mercado de capitais, os investidores continuam interessados numa empresa com um modelo sólido de negócios e boas perspectivas de crescimento", comentou Karl-Heinz Stiller, presidente da Wincor Nixdorf.

Wincor Nixdorf geht an die Börse
Letras garrafais diante da Bolsa de Frankfurt para festejar o lançamentoFoto: AP

A empresa, comprada à Siemens pelas sociedades de capital Kohlberg Kravies Roberts e Goldman Sachs, obteve 327 milhões de euros. Com os recursos pretende amortizar parte de suas dívidas e garantir maior flexibilidade para continuar crescendo.

Algo semelhante pretende fazer a Mifa, uma firma quase centenária da Saxônia-Anhalt (leste alemão). Após uma completa remodelação, ela retomou a produção de bicicletas e das 35 mil unidades de então, já saltou para 535 mil no ano passado. Fabricante de bicicletas que mais cresce na Europa, a Mifa e vai usar a injeção de capital para financiar sua expansão na Escandinávia e em outros países europeus.

"A emissão de ações da Mifa ressalta a importância da obtenção de capital através da bolsa como opção de financiamento para pequenas e médias empresas", ressaltou Rudolf Ferscha, da diretoria da empresa operadora da Bolsa de Frankfurt.

Acionistas: perdas astronômicas nos últimos anos

Depois de quase dois anos sem lançamentos, as emissões desta semana são importantes também do ponto de vista psicológico, pois representam um novo impulso. No entanto, gato escaldado tem medo de água fria.

Segundo a Associação de Proteção aos Acionistas (SdK), nos últimos sete anos houve pouco motivo de alegria para quem investiu na bolsa. No final de março, a cotação de 90% das ações das últimas firmas que foram à bolsa estavam abaixo do preço de emissão. Em 25% dos casos, os investidores perderam todo o seu dinheiro.

Ao todo, houve 439 emissões desde 1997. Os investidores perderam mais da metade do seu capital em 339 delas (77%). Somente 37 ações se valorizaram em relação ao preço de emissão – um balanço nada animador. Ou seja, 9 de cada 10 lançamentos foram uma catástrofe.

Os próximos candidatos a lançamento de ações, em junho, são a cadeia de serviços mecânicos para veículos ATU e o Postbank, o banco com a maior clientela privada do país, pertencente à empresa alemã de correios e logística Deutsche Post.