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Dossiê de Blair contra Bagdá não convence peritos alemães

(sm)26 de setembro de 2002

Especialistas consideram insuficientes as informações do dossiê sobre o Iraque apresentado pelo premiê britânico, Tony Blair.

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O polêmico dossiê sobre armas de extermínio do Iraque foi recebido com cautelaFoto: AP

O dossiê ofereceria indícios relevantes de que Bagdá tentou desenvolver armas químicas, biológicas e nucleares desde a retirada dos inspetores da ONU do país, em 1998. A tentativa de Saddam Hussein importar urânio da África ou comprar material de tecnologia nuclear e o retorno de especialistas iraquianos ao país, por exemplo, são suficientes para deixar apreensiva a comunidade internacional.

No entanto, a imprecisão dos dados do dossiê, baseado estritamente em fontes dos serviços secretos ocidentais, impossíveis de serem verificadas, portanto, causou apenas ceticismo até agora. O documento não chegou a impressionar a França e a Rússia, membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, dos quais depende a aprovação de uma possível ofensiva da comunidade internacional contra o Iraque.

Faltam provas sobre agentes biológicos

Na avaliação do perito em armas de extermínio do Instituto de Pesquisa da Paz de Hamburgo, Götz Neuneck, o Iraque já chegou a representar perigo em 1990, quando Saddam Hussein ainda dispunha de grande número mísseis Scud – uma ameaça que perdeu sentido após a desintegração do arsenal aéreo do país.

Em entrevista ao diário alemão Süddeutsche Zeitung, Neuneck também lembrou que a produção de armas químicas requer uma quantidade enorme de material e que a distribuição dos agentes no caso das armas biológicas é extremamente complicada.

O perito em armas biológicas da organização alemã e americana Sunshine Project, Jan van Aken, também se refere à falta de provas de que o Iraque tenha retomado a produção de agentes biológicos e químicos.

Sem infra-estrutura para produzir bomba atômica

Quanto ao arsenal nuclear do Iraque, o dossiê alerta que Saddam Hussein estaria apto a produzir a bomba atômica dentro de um a dois anos. Para Götz Neuneck, isso deve ser encarado com seriedade, sobretudo porque o Iraque disporia de know-how técnico satisfatório.

Por outro lado, as instalações militares para estes fins foram destruídas durante a permanência dos inspetores da ONU no país, o que dificulta enormemente a produção da bomba atômica. O dossiê documenta que Bagdá conseguiu reunir 30 quilos de material nuclear por meio de contrabando, sem especificar – por exemplo – qual tipo de urânio foi comprado.