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Doping no ciclismo

20 de julho de 2007

Após primeiro teste positivo de testosterona do ciclista Patrik Sinkewitz, TVs públicas alemãs suspendem transmissão da Volta da França e políticos questionam o financiamento público de esportes em geral.

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Escândalos no ciclismo podem se estender a outros esportesFoto: AP

O mais recente caso de doping envolvendo o ciclista Patrik Sinkewitz da equipe alemã T-Mobile, patrocinado pela companhia telefônica alemã, levou as principais redes de TV pública do país a cancelarem a transmissão da Volta da França até que o caso seja esclarecido.

A análise da primeira amostra de sangue do ciclista acusou a presença de um nível seis vez maior de testosterona do que o normal. Sinkewitz está suspenso até que saia o resultado de uma segunda amostra. A colisão com um espectador, no último domingo (15/07), fez o ciclista abandonar a prova e voltar à Alemanha.

Não somente o financiamento do ciclismo através de fundos públicos foi questionado por políticos do Parlamento alemão, na última quinta-feira (19/07), mas também o financiamento de outras modalidades de esporte em geral.

"Não se pode imaginar que o doping seja restrito ao ciclismo"

"Fundos públicos estão sendo mais do que questionados", afirmou Peter Danckert, presidente da Comissão de Esportes do Bundestag. "Isto se aplica ao ciclismo e também a outros tipos de esporte".

Patrick Sinkewitz
Patrik Sinkewitz é acusado de dopingFoto: picture-alliance/ dpa

A grande preocupação, no entanto, está sendo a declaração conjunta das duas maiores redes públicas de TV alemãs, ARD e ZDF, de abandonarem sua cobertura da Volta da França até o "esclarecimento do caso Patrik Sinkewitz". Cerca de um milhão de alemães acompanhavam a transmissão ao vivo da Volta na TV. "Isto é um aviso para o ciclismo e para qualquer outro tipo de esporte", afirmou Nikolaus Brender, redator-chefe da ZDF.

Teme-se que a decisão das duas redes possa ter implicações também para outros esportes. Dagmar Reim, diretor da rede de TV de Berlim-Brandemburgo (RBB), afirmou que "realmente não se pode imaginar que o doping seja restrito ao ciclismo".

Pouca anuência da mídia

A mídia européia reagiu com pouca anuência à declaração das redes de televisão alemãs. O espanhol El País escreveu: "A saída da ARD e ZDF é um golpe duro para um esporte cuja receita provém exclusivamente da aparição de patrocinadores nas transmissões".

O jornal italiano Il Messaggero afirmou que "a Volta da França pode ser contada de várias maneiras, também por relatar mais sobre doping do que sobre a corrida em si. O cancelamento das transmissões não faz a Volta mais limpa, mas lhe dá o carimbo de contaminada e a faz isolar-se. Será este o caso dos Jogos Olímpicos, do Mundial de Atletismo, do Futebol? Não se sabe. A sorte está lançada e o debate continua".

Para o britânico Daily Telegraph, "um total de 90 minutos de transmissão estavam planejados pelas redes de TV para a transmissão da Volta. O órgão responsável pela organização do evento, a Amaury Sport Organization (ASO), criticou as redes alemães, que representam sua segunda maior fonte de receita através da venda de direitos de transmissão".

O redator-chefe do jornal alemão Frankfurter Rundschau comenta que "ARD e ZFD tornaram-se colegas dos organizadores da Volta em uma mesma equipe. Ou seja, eles faziam propaganda, não jornalismo. Agora, que o ciclismo se encontra em apuros, eles também estão no mesmo barco. Desta forma, têm que reagir".

"O doping custa muito dinheiro"

Deutschland Radsport Doping Probe
Doping custa caroFoto: AP

Enquanto isso, importantes patrocinadores estão reconsiderando seus programas de patrocínio esportivo. T-Mobile, patrocinador do time mais diretamente envolvido nas acusações de doping, irá reconsiderar seu programa de patrocínio na próxima reunião de seu conselho administrativo, afirmou Ado Wilhelm, vice-presidente do grêmio, ao jornal Süddeutsche Zeitung, na quinta-feira (19/07).

A companhia de bebidas alemã Gerolsteiner, patrocinadora de uma outra equipe da Volta da França, também anunciou que esperará até agosto para decidir se continua com seu patrocínio do ciclismo, afirmou o porta-voz Stefan Göbel.

No entanto, Sylvia Schenk, ex-presidente da Federação do Ciclismo Alemão, declarou, em entrevista à TV RBB, que concorda com o cancelamento das transmissões da Volta: "O doping custa muito dinheiro. É o dinheiro que os patrocinadores e as TVs trazem para o esporte. É óbvio que se tem que tirar o dinheiro para que as pessoas comecem a pensar e percam a possibilidade financeira de se doparem". (ca)