Artes
27 de dezembro de 2006Cerca de seis meses antes da inauguração da documenta 12, em Kassel, o diretor da mostra, Roger M. Buergel, dá a entender que vai investir na formação estética e pretende escapar das limitações do mercado de arte.
A responsabilidade de oferecer um recorte representativo da arte contemporânea internacional não é das menores. Embora isso seja impossível de se realizar, é o que a opinião pública espera do diretor da documenta, a abrangente exposição organizada a cada quatro anos em Kassel, desde 1955.
"Ao preparar esta mostra", declarou o curador em recente entrevista ao diário espanhol El País, "me dei conta de que o 'global' não existe. São as grandes empresas multinacionais que decidem quais são os centros. Prefiro falar do deslocamento, e com certeza nossa exposição vai enfocar as rotas migratórias que têm a ver com as relações culturais e comerciais, mas também com a evasão de cérebros, como a onda de migração européia para a América no pós-guerra. Meu método como curador consiste em seguir a rota migratória da forma".
Formar o observador
Pelas poucas informações divulgadas até agora sobre o evento, que poderá ser visitado de 16 de junho a 23 de setembro em Kassel, dá para perceber que o alemão Buergel, nascido em 1962 e co-fundador da revista springerin em Viena, não deixará espaço para o mercado de arte determinar o que é "global".
"Na documenta 11, dava para ver que muitas coisas vinham direto do mercado. A arte vinha das galerias direto para a exposição. Acho que precisamos de um outro modelo. Os artistas também estão querendo sair deste ambiente sufocante", ressaltou ele à imprensa alemã.
Para Buergel, "o elemento político deve estar na capacidade da exposição de envolver as pessoas, ativá-las, mobilizá-las, para que elas comecem a se sentir conectadas com o mundo". Por isso, a formação estética e a veiculação da produção artística prometem ser uma prioridade da documenta 12.