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Do euro à ampliação

gm / lk23 de dezembro de 2002

2002 foi um ano histórico para a União Européia: começou com a introdução da moeda única e terminou com a decisão de admitir dez novos países-membros, a maior ampliação da história da comunidade.

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Foto: AP

A decisão de admitir dez novos países do Leste e do Sul do continente, a partir de 1º de maio de 2004, foi selada na conferência de cúpula realizada em Copenhague, a 12 e 13 de dezembro. Dois meses antes, o presidente da Comissão Européia, Romano Prodi, havia resumido as dificuldades do "maior desafio econômico e político jamais enfrentado pela comunidade": "A UE nunca admitiu tantos Estados de uma só vez. E nunca o fosso econômico e social entre os antigos e os novos membros foi tão grande. A renda média per capita nos países candidatos corresponde a apenas 45% dos ingressos dos atuais cidadãos da UE."

De fato, os debates sobre os aspectos financeiros foram determinantes em toda a fase de preparação e dominaram ainda as negociações realizadas em Copenhague, sendo a questão dos subsídios diretos aos agricultores um dos temas centrais. Na declaração do chanceler federal da Alemanha, Gerhard Schröder, após o consenso alcançado na capital da Dinamarca, transparecia o alívio: "Creio que se pode dizer de fato que foi um grande dia para a Europa, e por ter sido um grande dia para a Europa, também o foi para a Alemanha".

Sucesso com a marca da Dinamarca

Outro tema acabou se mostrando muito mais difícil do que se esperava: o desejo da Turquia de fazer parte da comunidade. À investida de Ancara no sentido de ter pelo menos uma perspectiva concreta, acrescentou-se a pressão de Washington, insistindo numa rápida admissão da Turquia.

Neste caso, destacou-se a atuação do primeiro-ministro da Dinamarca, Anders Fogh Rasmussen, na presidência rotativa do Conselho da UE, que deixou claro ao presidente dos EUA que a admissão da Turquia é uma questão exclusivamente européia.

Com a bem-sucedida conclusão das negociações em Copenhague, a Dinamarca, aliás, conseguiu pôr um fecho de ouro em sua atuação marcante durante os seis meses à frente do Conselho. Bem ao contrário da Espanha, que a antecedera: de janeiro a junho, a presidência rotativa esteve a cargo do primeiro-ministro José Aznar, que a exerceu sem deixar vestígios dignos de menção, ainda que tenha ocorrido nessa época a introdução da moeda comum européia, o euro.

Dificuldades com o Pacto de Estabilidade

Para a Alemanha, o mais marcante, neste primeiro ano do euro, foram suas dificuldades em cumprir o Pacto de Estabilidade, que ela própria ajudou a criar e que contém os critérios para os países poderem aderir à união monetária.

Um dos critérios prevê que o déficit orçamentário não pode ultrapassar a marca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB). Já em fevereiro a Alemanha esteve ameaçada de ultrapassar a marca e de receber uma advertência da Comissão Européia. O vexame pôde ser evitado na época, mas foi apenas protelado: em outubro, o ministro alemão das Finanças, Hans Eichel, precisou admitir que a Alemanha, com um déficit previsto de 3,8%, de fato não conseguirá cumprir o Pacto de Estabilidade. Agora corre contra o país um processo por ter ultrapassado o limite do déficit, que poderá ser concluído com uma multa bilionária. Uma perspectiva um tanto inglória para aquele que era considerado país-modelo e cuja economia resiste hoje em sair do fundo do poço.