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Distúrbio causa ingestão descontrolada de alimentos

Kathrin Witsch (cn)28 de abril de 2013

Pacientes que sofrem do transtorno da compulsão alimentar periódica só conseguem pensar em uma coisa: comer. Mal atinge 15% dos portadores de distúrbios alimentares.

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Foto: picture-alliance/dpa

Pães, bolos, tortas, salgadinhos…o que importa é comer o máximo possível. Quando Sandra sofre um ataque de fome, ingere milhares de calorias em poucos minutos. Não importa se tem fome ou não. Ela come até não aguentar mais. Mas esse sentimento de satisfação dura bem pouco tempo, até o próximo ataque.

Sandra sofre do chamado transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP). Cerca de 15% das pessoas que sofrem algum tipo de distúrbio alimentar têm TCAP. Mas essa doença é bem menos conhecida que a anorexia, por exemplo.

A causa dos distúrbios alimentares é a mesma: a comida é relacionada com sentimentos. Os portadores procuram aliviar pressões e preencher um vazio interno. Ao contrário da anorexia e da bulimia, quem sofre do TCAP não procura controlar o peso, praticando esporte ou vomitando após comer.

O transtorno causa ataques que levam os portadores a ingerir uma grande quantidade de alimentos sem controle e em um curto período de tempo. Para quem sofre de TCAP comer é um vício, que não tem nenhuma relação com fome, apetite ou prazer.

A sensação de calma desaparece logo após o ataque, o que sobra é vergonha, arrependimento e frustração. A doença faz que a pessoa sufoque esses sentimentos com mais comida. Esse ciclo é difícil de ser quebrado sem a ajuda de um especialista.

Deutschland Medizin Essstörungen Astrid Helesic
Transtorno tem causa psicológica, diz médica Astrid HelesicFoto: DW/K. Witsch

Tratamento psicológico

Somente emagrecer não resolve o problema. "O que parece ser gula e pouco autocontrole tem quase sempre uma causa psicológica", conta Astrid Helesic, médica chefe do departamento de transtornos alimentares do hospital Rhein-Klinik, localizado na cidade alemã de Bad Honnef.

"Basicamente, essa doença é como qualquer outro vício, onde há um comportamento compensatório", explica. "Com esse comportamento, a pessoa procura reprimir algo. Conscientemente, os pacientes não sabem o que pode ser a causa. Com frequência, o motivo está relacionado com a autoestima ou a um trauma que não foi trabalhado de forma correta."

Sandra é paciente de Helesic há mais de dois anos. "Nunca aprendi a comer corretamente e sei também que o distúrbio alimentar foi causado por um trauma da minha infância e isso agora precisa ser trabalhado", diz.

Cirurgia bariátrica não resolve problema

Cerca de 40% das pessoas que sofrem desse transtorno são obesas, mas nem todo mundo que está acima do peso tem TCAP. A principal característica da doença é a ingestão de uma grande quantidade de comida em pouco tempo. Além disso, os pacientes têm uma imagem extremamente negativa do corpo, restrições nos contatos sociais e tendências a distúrbios psicológicos, como a depressão.

Sandra admite que o excesso de peso causado pelo transtorno limitava muito a sua rotina. Ela pesa 134 quilos. "Eu vivo com o corpo todo dolorido e não consigo mais praticar esportes", conta.

Esse distúrbio alimentar pode causar ainda diabetes, pressão alta e asma. Depois de dois anos de tratamento psicológico, Sandra quer perder peso. Como ela não consegue isso de forma convencional, Sandra optou por uma cirurgia bariátrica.

Deutschland Medizin Essstörungen Min-Seop Son
Médico Min-Seop Son afirma que cirurgia não cura distúrbioFoto: DW/K. Witsch

Na operação o tamanho do estômago será reduzido a um terço do atual. Dessa maneira, o paciente se sente saciado mais rápido e por mais tempo. "A operação ajuda somente a reduzir o peso, mas não cura o distúrbio alimentar", ressalta o médico Min-Seop Son, do hospital Johanniter-Krankenhaus, em Bonn.

"A operação não é uma terapia para o TCAP. A cirurgia é o tratamento para a obesidade, que foi causada pelo distúrbio alimentar. Por isso, é importante que após a operação os pacientes continuem com o tratamento psicológico", explica o especialista.

Após a cirurgia, Sandra tem boas chances de voltar a ter uma vida normal. Mas, somente se ela continuar o tratamento psicológico e seguir a orientação nutricional, Sandra poderá controlar o TCAP.