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Poloneses vão às urnas

20 de outubro de 2007

Cerca de 30 milhões de poloneses vão às urnas eleger um novo parlamento para um dos maiores países da União Européia, numa eleição que está sendo considerada a mais importante desde o colapso do comunismo em 1989.

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Pesquisas prevêem derrota do partido do premiê KaczynskiFoto: AP

Os poloneses vão às urnas neste domingo (21/10) para eleger um novo legislativo apenas dois anos após as últimas eleições parlamentares. Por enquanto, não há um claro favorito: tanto o atual premiê Jaroslaw Kaczynski quanto o líder da oposição Donald Tusk se mostram convictos da vitória.

As eleições, que se tornaram possíveis após a dissolução do parlamento no início de setembro, deverão encerrar a crise política interna causada pela quebra da coalizão do governo Kaczynski.

Segundo o ex-presidente da Polônia e ex-líder do sindicato Solidarnosc, Lech Walesa, "esta é a eleição mais importante desde o fim do Estado totalitário". Segundo ele, os poloneses têm uma obrigação moral de votar, pois só a alta participação eleitoral poderá levar à derrota do partido do premiê Kaczynski e de seu irmão, o presidente Lech Kaczynski.

Jahresrückblick Juli 2006 Polen Gebrüder Kaczynski
Irmãos Lech (e) e Jaroslaw (d) Kaczynski: corrupção?Foto: AP

"É hora de decidir se nosso país será governado por uma família, por dois gêmeos que não ligam para a democracia e para nossos direitos", disse o ganhador do Nobel da Paz de 1983, hoje com 64 anos.

Pesquisas manipuladas

De acordo com pesquisas eleitorais, o partido liberal de oposição Plataforma Cívica (PO) possui uma vantagem de 17% em relação ao conservador católico e ultra-nacionalista Partido Lei e Justiça (PiS) dos irmãos Kaczynski.

O PO foi catapultado ao topo das pesquisas após seu líder Donald Tusk ter saído vencedor de dois debates televisivos, nos quais se sobressaiu tanto em relação ao arqui-rival Kaczynski quanto ao social-democrata e ex-presidente Aleksander Kwasniewski.

No entanto, especialistas não vêem motivo para uma mudança tão radical de opinião na população polonesa. E o próprio premiê afirma: "Estas pesquisas são forjadas. Temos todas as chances de vitória. Convoco todos os nossos seguidores à mobilização". De fato, Kaczynski venceu as eleições de dois anos atrás a despeito das pesquisas eleitorais, que previam uma vitória de Donald Tusk com 14% de vantagem.

Eleitores exauridos

Mas os altos escândalos, difamações e ameaças que dominaram a política polonesa nos últimos dois anos exauriram o eleitorado. Por mais que alguns institutos de pesquisa prevejam um índice de participação eleitoral de 70%, especialistas acreditam que o recorde de setembro de 2005, quando apenas 40,5% do eleitorado foi às urnas, deverá se repetir.

Muitos dos eleitores que disseram pretender votar o farão mais por mera obrigação cívica que por entusiasmo, optando por aquele que consideram o menos pior num país onde a maioria da população considera todos os políticos corruptos. No entanto, há quem acredite que a escalada da rivalidade entre os dois partidos possa contribuir para aumentar a participação eleitoral.

"O bom dessa campanha é que não sabemos nada ao certo. Não sabemos quem ficará em primeiro lugar nem que partidos conseguirão um lugar no parlamento. Isso aumenta o interesse dos eleitores. A polarização do cenário político mobilisará as pessoas. Eles gostam quando dois rivais brigam pela vitória", explica o politólogo Rafal Chwedoruk.

Poloneses no exterior decidem?

As eleições de domingo foram anunciadas após o fim da conflituosa coalizão de governo entre o PiS, o partido radical camponês Samoobrona (Autodefesa) e o nacionalista Liga das Famílias Polonesas (LRP), acusados de corrupção. O próprio primeiro-ministro abriu caminho para a dissolução do parlamento, provocando a antecipação das eleições legislativas.

Políticos de oposição e analistas acusam Jaroslaw Kaczynski de violar princípios fundamentais da democracia ao utilizar a cruzada anti-corrupção de seu governo para encobrir tentativas do serviço secreto e do Ministério da Justiça de neutralizar seu adversários políticos. Kaczynski revidou as acusações como infundadas e parte de uma campanha para difamar os esforços de seu governo para eliminar a corrupção e a influência de empresários "oligarcas" no aparato político polonês.

Porém, especialistas prevêem que nenhum dos dois partidos obterá uma ampla maioria, o que prolongaria a instabilidade política do país de 38 milhões de habitantes. Nesse sentido, votos de poloneses radicados no exterior, principalmente no Reino Unido e na Irlanda, poderiam ser decisivos.

Oposição promete mudança

Mais próximo do empresariado, o PO prometeu em sua campanha que impulsionaria iniciativas privadas através da redução da burocracia e da introdução de um imposto único de 15%. Além disso, os liberais prometem a retirada das 900 tropas polonesas do Iraque e um melhor aproveitamento das verbas da União Européia.

Recentemente, autoridades européias em Bruxelas advertiram que a Polônia correria o risco de perder bilhões de euros em subsídios essenciais para a construção de auto-estradas e infra-estrutura pública devido à lentidão do governo Kaczynski no planejamento e execução de projetos.

As relações com a UE também passaram por sérias turbulências durante os dois anos do governo Kaczynski, com a Polônia tendo ameaçado bloquear a aprovação do Tratado Constitucional europeu e deixado fracassar um novo acordo entre UE e Rússia devido a uma disputa comercial entre os dois países.

Segundo especialistas, uma nova vitória do PiS também prolongaria a concentração do poder executivo nas mãos dos gêmeos, comprometendo a saúde do sistema democrático polonês. Pois, por mais que o mandato do presidente Lech Kaczynski termine em 2010, o novo parlamento continuaria no poder até 2012. (rr)

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Pôsteres em Varsóvia: eleitores exauridos?Foto: AP
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