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Diretores da Lufthansa abdicam de parte do salário

Soraia Vilela10 de novembro de 2001

Os cinco diretores da companhia aérea alemã pretendem "dar um exemplo" aos funcionários.

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A suspensão de vôos da companhia aérea prejudica também a subsidiária de manutençãoFoto: AP

Os diretores da Lufthansa, inclusive seu presidente, Jürgen Weber, vão ter seus salários reduzidos em 10% e podem abdicar da participação nos lucros da empresa, em função da crise que afeta o setor de aviação desde o último 11 de setembro.

De acordo com a revista alemã Focus, os cinco membros da diretoria da Lufthansa receberam um total de 2,4 milhões de euros relativos aos lucros do ano 2000. "A diretoria quer, com esse passo, sinalizar claramente sua intenção de evitar demissões na empresa", afirmou neste sábado Klaus Walther, porta-voz da companhia.

Exemplo - Segundo Walther, os diretores pretendem, com a decisão, "dar um bom exemplo" à toda a equipe de coordenação da empresa, formada por cerca cem funcionários. Abdicar de parte do salário só é possível, de acordo com as leis trabalhistas, por livre e espontânea vontade do funcionário.

Além dessa medida, prosseguem as negociações entre a Lufthansa e os sindicatos de pilotos Cockpit e dos prestadores de serviços Ver.di, com o objetivo de definir as futuras diretrizes da empresa quanto à política de pessoal e à redução de gastos. A companhia aérea alemã, bem como todo o setor de aviação internacional, sofre desde os atentados terroristas nos Estados Unidos uma das piores crises da história.

Em meados de outubro, a Lufthansa anunciara a paralisação de mais 200 aeronaves, além das 300 já retiradas de seu plano de vôos. Segundo um funcionário da empresa, demissões poderão ser evitadas, no entanto, através da redução da jornada de trabalho para quatro dias semanais e da adoção de horários de trabalho mais flexíveis.

Manutenção - A crise que afeta o setor trouxe também sérias conseqüências para a Lufthansa Technik, subsidiária responsável pela manutenção de aeronaves. "Nas atuais condições, nós precisamos contar com uma redução do faturamento entre 10% e 15%", afirmou August Wilhelm Henningsen, presidente da Lufthansa Technik.

A empresa, que emprega 22 mil funcionários e tem faturamento de mais de quatro bilhões de euros, é uma das maiores empresas de manutenção e revisão de aeronaves do mundo. "Nosso negócio depende diretamente do uso dos aviões. Quando eles não voam, não precisam de manutenção", afirma Henningsen. Por isso, a decisão da Lufthansa de paralisar parte de sua frota trouxe conseqüências imediatas para a subsidiária, que tem metade de seu faturamento obtido com trabalhos prestados à empresa matriz.

A outra metade é obtida através dos serviços da Lufthansa Technik em todo o mundo. "A crise atinge o tráfego aéreo no Atlântico Norte. Os mercados da Ásia e do Oriente Médio não são muito prejudicados", observa Henningsen. Como reação à crise, no entanto, a empresa suspendeu contratações e cortou planos futuros de investimento. Também outras atividades onerosas, como a participação em feiras internacionais ou viagens de funcionários a negócios, foram suspensas provisoriamente.

Atualmente, a Lufthansa Technik emprega mais 450 funcionários do que no ano anterior. Cerca de seis mil empregados atuam na sede da empresa, em Hamburgo. Em Frankfurt, trabalham mais 3.500 funcionários.