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Michael Ballhaus

5 de agosto de 2010

O sotaque alemão nunca foi um problema para Michael Ballhaus em Hollywood. Com suas imagens, o diretor de fotografia berlinense conseguiu conquistar grandes cineastas. Há três anos, ele voltou a residir em Berlim.

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Após viver 25 anos nos EUA, Ballhaus mudou-se para Berlim em 2007Foto: AP

Em março de 2007, o diretor norte-americano Martin Scorsese foi receber com lágrimas nos olhos o Oscar tão longamente esperado. Com seu filme de suspense Os Infiltrados, o diretor obteve a premiação que nunca tinha recebido. Mesmo em meio à emoção, o cineasta não se esqueceu de agradecer ao seu diretor de fotografia de anos. Os Infiltrados foi o sétimo filme que eles rodaram juntos.

Michael Ballhaus, que completa 75 anos nesta quinta-feira (05/08), transforma em imagens as ideias dos mais renomados diretores de Hollywood, com os quais conviveu durante 25 anos em Nova York e Los Angeles.

Em novembro passado, quando foi entregue em Potsdam o Bambi Awards a alemães em Hollywood, Ballhaus evidentemente estava entre os premiados, ao lado de Caroline Link, Roland Emmerich, Florian Henckel von Donnersmarck e Oliver Hirschbiegel.

Em 2007, Ballhaus voltou a fixar residência na capital alemã. No ano passado, ele homenageou sua cidade de origem dirigindo o documentário Em Berlim. Foi ali que ele também passou a trabalhar como docente da Academia Alemã de Cinema e Televisão, além de ensinar seu ofício a estudantes de Munique e Hamburgo.

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Jack Nicholson e Michael BallhausFoto: picture-alliance/dpa

Com Scorsese e outros

Com sua arte de criar imagens, ele também se colocou a serviço da proteção ambiental. "Estou rodando pequenos spots de 60 segundos para mostrar que não podemos continuar lidando deste jeito com os recursos naturais", declarou em maio passado durante um festival de cinema realizado em Schwerin.

Em 2008, ao receber o Prêmio de Cinema da Baviera, Ballhaus foi homenageado com standing ovations. "Isso é um exagero, isso é um exagero", reagiu o premiado aos aplausos enfáticos. "Eu gostaria de relativizar isso tudo; não tenho culpa de ter tido tanta sorte e chance de fazer tantos filmes bons", completou na ocasião.

Desde 1982, ele rodou 38 filmes nos Estados Unidos. Francis Ford Coppola o chamou para fazer Drácula de Bram Stoker, Wolfgang Petersen, para o longa de suspense Epidemia e Robert Redford, para Lendas da Vida.

Sem falar em Scorsese, que já se tornou amigo de Ballhaus. "Sempre que o Scorsese quer fazer um filme, estou dentro. Ele é meu diretor predileto", declarou Ballhaus durante as filmagens de Os Infiltrados. Com Depois de Horas, de 1984, ambos iniciaram sua trajetória conjunta.

Seguiram-se os filmes A Cor do Dinheiro (1986), A Última Tentação de Cristo (1988), Os Bons Companheiros (1990), A Época da Inocência (1993) e Gangues de Nova York (2002), pelo qual Ballhaus foi nomeado para o Oscar pela terceira vez.

Flash-Galerie Deutschland Kameramann Michael Ballhaus wird 75 Filmszene In Berlin
Cena de 'Em Berlim'Foto: picture-alliance/dpa

Três nomeações para o Oscar: "nada mau"

Sua primeira nomeação para o Oscar de melhor fotografia foi em 1987, para Nos Bastidores da Notícia, de James L. Brooks, e a segunda para Susie e os Baker Boys (1989), de Steven Kloves.

Quanto à maior premiação do mundo cinematográfico, Ballhaus se pronuncia conformado: "É claro que qualquer um gostaria de levar o prêmio para casa algum dia, mas o meu interesse sempre se concentrou muito mais no trabalho, nem tanto nos troféus. E três nomeações, bem, isso não é nada mau".

Michael Ballhaus nasceu em 1935, em uma família de atores. Desde cedo, ele se interessou pelo teatro e por tudo o que tivesse apelo visual. Sua formação de fotógrafo o muniu dos conhecimentos básicos para a criatividade que posteriormente aplicaria à televisão, meio para a qual ele rodou diversos filmes.

Até surgir o diretor Rainer Werner Fassbinder, nos anos 1970, com o qual Ballhaus rodou 16 filmes, entre os quais Martha, O Casamento de Maria Braun e Lili Marlene. Sua fotografia desprendida marcou o Novo Cinema Alemão. As características de Ballhaus são travellings fluentes e elegantes, a luz insólita e saturada e as famosas espirais da câmera em torno dos atores.

Flash-Galerie Deutschland Kameramann Michael Ballhaus wird 75 Filmszene Die Ehe der Maria Braun
Hanna Schygulla como protagonista Maria Braun no filme de FassbinderFoto: picture alliance/dpa

Michael Ballhaus atribui seu sucesso à paixão por imagens e pelas artes cênicas, revelada desde que ele trabalhava como fotógrafo de teatro em Berlim, e à esposa, Helga, com a qual ele passou quase 50 anos e que faleceu subitamente em 2006. Ele conheceu a atriz e figurinista de cinema em sua juventude, quando trabalhava como assistente de câmera. Seus dois filhos também fizeram carreira no cinema.

SL/dw/dpa
Revisão: Roselaine Wandscheer