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Difícil gestão em tempos de crise

lc9 de outubro de 2003

Ministros da Defesa da OTAN reuniram-se nos Estados Unidos para exercício que simulava um ataque terrorista com reféns num país fictício. Temas paralelos foram rapidez para envio de tropas e falta de verbas.

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Rumsfeld: OTAN deve lutar contra o terrorFoto: AP

Em uma gigantesca tenda, numa base aérea no sudoeste norte-americano, os ministros da Defesa dos 19 países que compõem a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e das sete nações que ingressarão na aliança militar em 2004 simularam como reagir a um ataque terrorista em 2007. A simulação serviu de treino para a tropa de reação rápida, planejada para ter, em 2006, um contingente de 20 mil soldados.

O anfitrião e organizador do "treinamento", o secretário norte-americano da Defesa, Donald Rumsfeld, comentou que se tratou de cenários imaginados, mas lembrou que poderiam ser ameaças e capacidades reais.

Avaliando os resultados do encontro, o ministro alemão da Defesa ressaltou que o processo de tomada de decisões na Alemanha precisa ser simplificado. Segundo Peter Struck, às vezes a decisão tomada no gabinete ainda necessita de alguns dias para receber luz verde no Parlamento. "Após este seminário, tomei consciência da necessidade de discutir a legislação que regula o envio de soldados a missões no exterior”, observou o ministro.

Reação e não prevenção

O primeiro grupo da tropa de intervenção, que teoricamente deve agir ao redor do mundo, iniciará seus trabalhos na semana que vem. Ainda que os EUA sejam o motor por trás da tropa de reação, Struck não vê ações militares preventivas nos planos da aliança, ao contrário do que prevê a doutrina militar americana vigente.

O secretário-geral da OTAN, George Robertson, criticou que os membros da aliança façam muito pouco para modernizar os seus exércitos. Eles dispõem, juntos, de 1,4 milhão de soldados armados, mas somente 55 mil participam de operações internacionais. Ainda assim estão nos limites de sua capacidade, o que, para Robertson é inaceitável: "Precisamos de mais soldados preparados para combate, não somente de exército no papel."

Os ministros não precisaram de muita criatividade para, a partir da simulação, discutir sobre as crises reais em 2003, seja no Iraque, no Afeganistão ou no Oriente Médio. Ainda que, em conjunto com a Inglaterra e Polônia, somente um dos membros da OTAN, a Turquia, esteja disposta a estacionar tropas no Iraque, Donald Rumsfeld se disse satisfeito com a participação da OTAN.

Afinal, explica ele, existem tropas de 12 países membros da aliança no Iraque: "A participação é excelente. Toda a conversa sobre uma fraca participação internacional e isolamento dos EUA não passa de história da carochinha", afirmou o secretário norte-americano.

Contribuição simbólica

Donald Rumsfeld não mencionou, porém, que a contribuição da maioria dos países europeus, como Espanha e Itália, foi meramente simbólica, sem o envio de soldados. Para compensar, outros países, como a Alemanha, engajam-se mais fortemente no Afeganistão.

Tendo como pré-condição a extensão do mandato pelas Nações Unidas, a OTAN pretende ampliar a ação de suas tropas ─ estacionadas inicialmente apenas em Cabul ─ para outras oito cidades do Afeganistão. A Alemanha, por seu lado, enviará até 450 homens a Cunduz, para ajudar na reconstrução do norte afegão.

A falta de verbas também foi tema no encontro de ministros. Os EUA e a Inglaterra alegam estar altamente comprometidos com suas tropas no Iraque. Também a Alemanha e outros países europeus reclamam da falta de dinheiro. Robertson voltou a apelar aos membros da organização que adaptem suas tropas à nova realidade e que façam planejamentos a longo prazo.