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Desemprego chega a 4,28 milhões – o mais alto desde 1997

Neusa Soliz6 de fevereiro de 2002

Os novos dados do desemprego são um prato cheio para a oposição, para quem Schröder e seu governo fracassaram. Como se isso não bastasse, um escândalo compromete a credibilidade do Departamento Federal do Trabalho.

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Jagoda, presidente do Departamento Federal do TrabalhoFoto: AP

O desemprego atingiu, em janeiro, o nível mais alto dos últimos anos: 4.289.900 pessoas estavam sem trabalho, anunciou, nesta quarta-feira, o Departamento Federal do Trabalho, em Nurembergue. São cerca de 200 mil desempregados a mais do que em janeiro de 2001 e 326 mil a mais do que em dezembro. A taxa em janeiro foi de 10,4% da população ativa da Alemanha, contra 9,6%, no mês anterior. Desde dezembro de 1997 que não há tantos desempregados no país.

Segundo o Banco Central Alemão, a taxa de desemprego, sem efeitos sazonais, passou de 9,5% (novembro e dezembro de 2001) a 9,6% no mês passado. Em números absolutos, haveria 31 mil pessoas desempregadas a mais em janeiro, excluindo-se os efeitos sazonais.

A culpa é do frio

- O presidente do órgão federal, Bernhard Jagoda, atribuiu o aumento do desemprego principalmente ao frio e à neve de janeiro, mas também à fraca conjuntura. Desde outubro de 2001, meio milhão de pessoas perdeu o emprego devido ao frio. Jagoda conta com sua volta ao mercado de trabalho na primavera, mas não exclui que o número de desempregados ainda aumente ligeiramente em fevereiro.

O aumento do desemprego no ocidente se deve às conseqüências do desaquecimento para a indústria alemã. A taxa no ocidente foi de 8,3% (2,791 milhões). No entanto, o aumento maior se deu no leste, onde estão sem trabalho quase 1,5 milhão de pessoas, o que elevou a taxa a 19,1%.

O escândalo das estatísticas

- O presidente do departamento Bernard Jagoda, diz que não pretende se demitir, não tanto pelo aumento do desemprego, mas em função do escândalo que estourou na terça-feira (05). Um controle do Tribunal de Contas em cinco agências do Departamento Federal do Trabalho encontrou graves erros nos dados de intermediação de empregos: em 70% dos mais de 5 mil casos examinados não teria sido exitosa a mediação do departamento. Esse órgão federal na Alemanha registra os dados do desemprego, controla o pagamento do auxílio-desemprego, aplica as medidas da política ocupacional e procura colocação para quem está sem trabalho.

"O capitão não abandona o navio quando há tempestade", disse Jagoda, que ordenou uma investigação interna. "Eu faço questão de esclarecer que ninguém usa tática nenhuma aqui para fazer estatísticas parecerem melhores do que elas são. Aqui não varremos nada para debaixo do tapete", disse Jagoda, que só pretende tomar providências dentro de uma semana, quando tiver os resultados da investigação. Na sua opinião, há uma discrepância com o Tribunal de Contas na definição do que é uma intermediação do departamento para que um desempregado obtenha emprego. O órgão não teria como saber, por exemplo, se alguém conseguiu um trabalho por haver consultado a oferta online de empregos do departamento.

Governo Schröder na berlinda

- O ministro do Trabalho, Walter Riester, exigiu um rápido esclarecimento do caso. "Eventuais irregularidades ou manipulações têm de ser esclarecidas sem sombra de dúvida", afirmou. Por isso, o departamento fará um controle em dez de suas agências e o Tribunal de Contas em mais 20. O Departamento Federal do Trabalho tem 181 agências espalhadas pelo país.

Políticos de vários partidos exigiram uma profunda reforma do departamento e o vice-presidente do Partido Liberal, Rainer Brüderle, chegou a sugerir que agências de emprego particulares se encarreguem da colocação de desempregados. Até políticos do Partido Verde, da coalizão do governo federal, engrossaram o coro dos que pedem reformas.

"O chanceler dos 4 milhões"

- Para Friedrich Merz, líder da bancada conjunta da União Democrata Cristã (CDU) e União Social Cristã (CSU), a maior força de oposição, o relatório do Tribunal de Contas representou uma "vergonhosa derrota" não apenas para o ministro do Trabalho, mas também para o chanceler federal Gerhard Schröder. O secretário-geral da CDU, Laurenz Meyer, acusou o governo social-democrata e verde de fracassar em sua política para o mercado de trabalho. Meyer chamou Schröder de "chanceler dos 4 milhões", e suas promessas, de combater o desemprego, de enganosas. "Schröder queria ser julgado pelo que conseguisse para reduzir o desemprego e aí está o resultado", disse Dirk Nibel, porta-voz do Partido Liberal, lembrando, além dos 4,3 milhões de desempregados, a advertência que o governo alemão recebeu de Bruxelas pelo déficit do orçamento, e as quase 50 mil falências na Alemanha em 2001.