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Subsolo

10 de março de 2009

Após catástrofe que destruiu Arquivo Histórico de Colônia e derrubou consigo prédios vizinhos, aumenta o medo de que o mesmo aconteça em cidades com ampla exploração do subsolo, como Berlim ou Paris.

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Túnel de 4km passa sob centro de LeipzigFoto: AP

As buscas continuam nos escombros do Arquivo Histórico de Colônia, que desabou na terça-feira da semana passada (03/03), derrubando consigo prédios adjacentes. Além de ter causado duas mortes, uma das quais ainda não confirmada oficialmente, o desabamento do arquivo e a demolição de prédios residenciais vizinhos deixaram 33 pessoas sem moradia. Outros 22 moradores não podem mais voltar aos seus apartamentos devido ao perigo de desabamento.

Após uma semana, ainda não se sabe o que motivou tal catástrofe. Também se ignora se o mesmo poderá vir a ocorrer em outras cidades alemãs, como em Berlim ou Leipzig, onde projetos semelhantes estão em andamento.

Catástrofe chama atenção para outros projetos

Weihnachtsbeleuchtung Unter den Linden
Nova linha interligará Portão de Brandemburgo à Estação Central de BerlimFoto: AP

O porta-voz da BVB, companhia de transportes de Berlim, declarou ao diário Berliner Morgenpost que "os túneis e as estações de metrô da nova linha [entre a Estação Ferroviária Central e o Portão de Brandemburgo] estão quase prontos. Com exceção de uma pequena infiltração de água na estação do Portão de Brandemburgo, tudo transcorreu sem problemas". Para ele, não há necessidade de mudar os planos devido ao acidente em Colônia.

Em Leipzig, onde um túnel subterrâneo de quatro quilômetros está sendo construído para aliviar o trânsito no centro da cidade, um porta-voz da firma Deges, responsável pelo planejamento e construção do City-Tunnel, declarou ao diário Leipziger Volkszeitung que uma catástrofe como a de Colônia é improvável, pois as fases "delicadas" de construção já acabaram.

Em Colônia, duas possíveis explicações

Segundo o diário Kölner Stadt-Anzeiger, os investigadores aventam duas possíveis causas para a catástrofe ocorrida em Colônia. Ambas estão relacionadas ao fluxo das águas subterrâneas.

A primeira aponta para uma falha na parede de concreto que deveria impedir a entrada de água nas escavações da construção. Além disso, a água poderia ter penetrado por baixo do túnel em construção.

Steinkohleabbau im Ruhrgebiet
Extração de carvão mineral no Vale do RuhrFoto: DPA

Em todo caso, explicou ao jornal o professor Josef Klostermann, do Serviço Geológico da Renânia do Norte-Vestfália, a água que entrou nas escavações levou consigo também uma parte do terreno, gerando assim uma bolha sob as fundações dos prédios adjacentes e causando seu desabamento.

Para Klostermann, a permeabilidade do solo da camada inferior foi mal-avaliada pela prefeitura de Colônia. A chamada camada terciária se inicia a 20 metros da superfície e é bem menos permeável que as superiores.

Segundo informações da KVB, companhia de transportes de Colônia, as paredes de contenção de águas subterrâneas terminam a 37m de profundidade. Mas, devido à enorme pressão, não se pode excluir que a água penetre camadas inferiores do solo. Para tal, as espessas paredes de concreto nem precisariam ter defeitos, explicou o professor.

Afundamentos remontam à influência do homem

Segundo o site Welt Online, anualmente se registram centenas de casos de afundamento na região do Vale do Ruhr, onde – em decorrência de séculos de mineração – o solo é tão "esburacado quanto um queijo suíço".

As minas teriam deixado centenas de quilômetros de cavidades no subsolo. Em regiões ricas em calcário e gesso, a existência dessas bolhas também é comum, devido ao dióxido de carbono das águas subterrâneas, que dissolve o calcário e o gesso.

O site comentou que, segundo o geólogo Tony Waltham, da Universidade Nottignham Trent, no Reino Unido, mesmo sem a presença da mineração, 90% dos afundamentos de terra remontam à ação humana. Edifícios e ruas ocupam cada vez mais espaço, limitando as vias de escoamento natural e aumentando a pressão das águas pluviais.

Paris: subsolo rico em calcário e gesso

Markt in Paris, Frankreich
Colina de Montmartre ameaçava desabarFoto: picture-alliance / Helga Lade Fotoagentur GmbH, Ger

Considerando a qualidade do solo, a cidade de Paris está sentada sobre uma bomba-relógio. Afinal, seu solo rico em calcário e gesso foi explorado para construção desde o período galo-romano.

Após uma série de desabamentos, o rei Luís 16 fundou o IGC, órgão de inspeção de minas e pedreira, em Paris, em 1777. O IGC é responsável pela gestão dos riscos ligados às antigas pedreiras e à dissolução do gesso no subsolo de Paris. Além dos 169km de túneis de metrô, 2 mil quilômetros de esgotos, 300km de cavidades deixadas pelas antigas pedreiras são inpecionados pela IGC.

Segundo a Prefeitura, o terreno rico em calcário e gesso é facilmente dissolvido pela água, requerendo cuidados especiais. A água tem que ser constantemente bombeada das estruturas dos prédios e os buracos das pedreiras têm que ser preenchidos com concreto.

Esse é o caso da Gare du Nord, estação ferroviária ao norte da cidade, onde uma bolha de água maior do que o Arco do Triunfo foi descoberta em 1975. Além disso, sob a Ópera da Bastilha, 100m³ de água são bombeados por hora e escoados no Sena. Isso também vale para a colina de Montmartre, onde –desde os anos de 1980 – os buracos provocados por séculos de exploração do gesso vêm sendo fechados pela prefeitura.

Autor: Carlos Albuquerque

Revisão: Simone Lopes