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Depósito de energia no alto do morro

mw2 de outubro de 2003

Alemanha inaugura sua maior usina hidrelétrica na Turíngia. Para ela foi construído um lago 100% artificial. Obra visa garantir energia em momentos de pico e evitar blecautes.

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O lago superior possui 3,4 quilômetros de margemFoto: AP

Na falta de grandes quedas naturais em seus vales, a Alemanha construiu um enorme reservatório no topo de um morro para guardar a água destinada a mover as turbinas de sua maior usina hidrelétrica, inaugurada na última terça-feira (30/9). Para brasileiros acostumados com represas em seus rios para geração de eletricidade, a concepção da usina de Goldisthal, na Turíngia, parece algo sui generis.

O projeto data ainda da Alemanha Oriental nos anos 70. O então governo comunista chegou a encomendar estudos para a construção de uma enorme barragem no município de Goldisthal. Mas, por falta de verbas, a idéia foi para a gaveta até a reunificação do país. Herdeira das usinas e das redes de transmissão da RDA, a companhia Veag retomou o plano.

A razão é simples. A hoje subsidiária do grupo Vattenfall Europe gera eletricidade sobretudo a partir da queima de linhita, altamente poluente. Esta não é entretanto a desvantagem decisiva que levou a Veag a investir 620 milhões de euros no empreendimento da serra Rennsteig. A companhia tinha dificuldades para acelerar a geração de energia nos momentos de pico, como de manhã cedo e à noite, e reduzir a produção durante as madrugadas e fins de semana.

Dimensões do empreendimento

Uma usina hidrelétrica atende bem melhor a esta necessidade. A Veag já tinha experiência com pequenas unidades. E assim, durante seis anos, a companhia investiu na expansão desta alternativa. No alto do morro Moosberg em Goldisthal, construiu-se uma enorme caixa d'água com capacidade para armazenar 12 milhões de metros cúbicos de água.

Pumpspeicherwerk in Goldisthal Turbine
Uma das quatro turbinas da usinaFoto: AP

As bordas da represa somam 3,4 quilômetros de comprimento, possuindo altura máxima de 40 metros. Trezentos metros abaixo, ergueu-se no pequeno Rio Schwarza uma barragem de 67 metros de altura e 220 metros de largura, podendo represar até 18 milhões de metros cúbicos.

O maior desafio de engenharia esteve, entretanto, sob a terra, onde estão dois terços da obra, inclusive os geradores. Após despencar 300 metros através de túneis de seis metros de diâmetro, a água da represa superior movimenta quatro turbinas, antes de seguirem para a inferior, no Rio Schwarza. Cem metros cúbicos de água por segundo resultam em 265 megawatts. A potência instalada chega a 1060 MW.

Reserva para momentos de pico e emergências

O plano é acionar a usina nos momentos de pico de consumo e, durante a madrugada, quando o preço da energia é mais barato, bombear de volta a água da represa inferior para a de cima, recuperando seu potencial de produção. Em oito horas de operação, a usina de Goldisthal gera tanta energia quanto uma unidade nuclear de médio porte. Em caso de necessidade, a hidrelétrica tem condições de suprir sozinha durante um dia toda a demanda de eletricidade no Estado da Turíngia, segundo Kurt Häge, diretor do grupo Vattenfall.

Pumpspeicherwerk in Goldisthal Schaltzentrale
A sala de controleFoto: AP

Para o chanceler federal Gerhard Schröder, Goldisthal representa mais um passo para evitar-se blecautes no país como os que atingiram recentemente os Estados Unidos, a Grã-Bretanha, a Escandinávia e a Itália. "Precisamos de uma saudável mistura de fontes energéticas", disse. Já o governador da Turíngia, Dieter Althaus, ressalvou o empreendimento como importante para sustentar o desenvolvimento do Leste alemão.

Maior geradora de energia hidrelétrica

Operada por 50 funcionários, a hidrelétrica foi a última de um programa de nove bilhões de euros do conglomerado para modernizar o sistema de geração, transmissão e distribuição de energia nos antigos estados da Alemanha Oriental. Com ela, a Vattenfall tornou-se a maior geradora de energia hidrelétrica do país, com 2914 MW de capacidade instalada.

Naturalmente, o projeto enfrentou no princípio a resistência de organizações ecologista, como a BUND. No entanto, após uma doação de sete milhões de marcos da Veag a uma fundação ambientalista, as contestações foram retiradas.