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Depoimentos inocentam suposto terrorista

(sv)11 de agosto de 2004

Documento enviado pela Justiça norte-americana, contendo depoimentos de terroristas detidos, inocentam o marroquino acusado em Hamburgo de envolvimento nos atentados de 11 de setembro.

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Mounir el Motassadeq: de volta ao banco dos réusFoto: AP

O réu em questão foi o primeiro nome a ser acusado, em todo o mundo, como membro da célula terrorista sediada em Hamburgo, a partir da qual foram planejados os atentados de 11 de setembro. Condenado à pena máxima de 15 anos de prisão em fevereiro de 2003, Mounir el Motassadeq teve, um ano mais tarde, a sentença suspensa pelo Supremo Tribunal Federal devido “à falta de provas suficientes”.

Enquanto as instâncias jurídicas brigam entre si, Motassadeq goza desde abril último de liberdade, sem poder, contudo, deixar o país. Desde a última terça-feira (10/8), o Tribunal Superior Estadual de Hamburgo, de volta com o caso nas mãos, tem pela frente a tarefa de provar o envolvimento do então estudante marroquino nos atentados de 11 de setembro.

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Ramzi Binalshibh
Ramzi BinalshibhFoto: AP

Nesta quarta-feira (11/9), segundo dia do novo processo contra Motassadeq, o Tribunal Superior Estadual de Hamburgo recebeu um fax da Justiça norte-americana. No documento, estão depoimentos dos terroristas Chalid Scheich Mohammed e Ramzi Binalshibh, inocentando a participação de Motassadeq no planejamento dos atentados de 11 de setembro.

Segundo Binalshibh, o então estudante marroquino nada sabia sobre os planos da “célula do terror” na cidade alemã, embora tenha participado de discussões de teor antiamericano no apartamento onde vivia o piloto Mohammed Atta. Binalshibh confirmou que visitava Motassadeq regularmente de duas a três vezes por mês, no alojamento de estudantes onde viviam.

"Questões de segurança"

Por “questões de segurança”, Motassadeq não teria sido, contudo, sido informado sobre os planos acerca dos atentados nos EUA. O outro terrorista detido pela Justiça norte-americana, Scheich Mohammed, afirmou ter conhecido Motassadeq superficialmente. Mohammed declarou ter encontrado o marroquino no Paquistão, de onde o ajudou a organizar sua viagem para campos de treinamento da Al-Qaeda, no Afeganistão. Questões "operacionais" a respeito dos atentados não teriam sido discutidas na ocasião, segundo Mohammed.

As autoridades norte-americanas duvidam da veracidade das declarações, segundo documento enviado ao Tribunal de Hamburgo. “Estão tentando proteger gente aqui”, afirmou Walter Hemberger, representante da Procuradoria Geral da República no processo. Para Hemberger, as declarações de Scheich Mohammed são interessantes, pois diferem dos testemunhos prestados pelo próprio Motassadeq durante o primeiro processo perante o Tribunal de Hamburgo.

"Depoimentos sob tortura"

A principal exigência de Josef Grässle-Münscher, advogado de Motassadeq, é o arquivamento do processo. Os argumentos para tal são os de que os depoimentos prestados pelos supostos envolvidos Ramzi Binahlshibh e Khalid Scheich Mohammed foram prestados sob tortura, o que os tornaria inválidos perante um tribunal alemão. “Binalshibh é hoje apenas um trapo, se é que ainda vive”, afirma Grässle-Münscher.