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Degussa não será excluída do memorial do Holocausto

ef14 de novembro de 2003

A construção do Monumento do Holocausto em Berlim prosseguirá com a participação da Degussa – a herdeira da indústria que produziu o gás tóxico Zyklon B, usado pelos nazistas no extermínio de milhões de judeus.

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Escolares visitam a obraFoto: AP

A decisão do conselho administrativo da fundação encarregada da construção foi uma surpresa, em virtude do papel da indústria química Degussa no extermínio de seis milhões de judeus pelos nazistas na Europa, durante a Segunda Guerra Mundial. O presidente do Parlamento alemão e da fundação, Wolfgang Thierse, justificou que a participação da empresa no Holocausto também deve ser lembrada na área do monumento.

Câmaras de gás – Os nazistas usaram o gás letal Zyklon B nos campos de concentração para matar judeus, homossexuais, deficientes físicos e mentais, ciganos, comunistas, social-democratas e quem mais considerassem indignos de viver. As vítimas eram levadas nuas para câmaras de gás que os nazistas chamavam de "chuveiros", de onde saía o gás inodoro e incolor em vez de água.

Eröffnung der Fathi Moschee bei Düsseldorf Wolfgang Thierse
Wolfgang ThierseFoto: AP

O deputado Thierse justificou a decisão do conselho administrativo de não excluir a Degussa com o argumento de que o Monumento não pode excluir parte alguma da sociedade. Além do mais, o orçamento financeiro explodiria sem a participação da empresa. A substituição da Degussa por outras firmas implicaria um aumento de despesa da ordem de 2,4 milhões de euros. Com a decisão, que demandou longo tempo com sérias discussões, a Degussa vai fornecer um produto químico antigrafite para revestir as 2700 colunas de cimento armado que constituem a obra monumental. Assim, o memorial pode ser protegido de todo tipo de pixações, inclusive as de conteúdo anti-semita por parte de neonazistas.

Arrependimento e indenização

– Os membros do conselho permaneceram divididos até o último instante. Indignados, representantes das vítimas rejeitaram a participação da Degussa. Outros, ao contrário, argumentaram que o conglomerado químico mostrou arrependimento e contribuiu para a indenização dos sobreviventes dos trabalhos forçados no nazismo.

Lea Rosh, que propôs a construção do Monumento do Holocausto 25 anos atrás, mostrou-se aliviada e ao mesmo tempo preocupada com a decisão a favor da Degussa. "É importante que o memorial seja construído", disse a escritora e jornalista, ponderando, todavia, que "é terrível a idéia de que judeus e descendentes de vítimas do Holocausto não venham a este memorial". O presidente da comunidade judaica de Berlim, Alexandre Brenner, que também foi contra a decisão do conselho administrativo, considerou "absurdo que se torne a obra dependente da Degussa".

Memorial dos homossexuais – No mesmo dia em que esta decisão foi tomada, a Comissão de Cultura do Parlamento recomendou a construção de um memorial para lembrar os homossexuais exterminados pelas tropas de Adolf Hitler, de 1933 a 1945. A iniciativa partiu da coalizão de governo dos partidos social-democrata (SPD) e Verde, bem como o Partido Liberal de oposição. Os membros dos partidos oposicionistas cristãos (CDU e CSU) votaram contra. O governo de Berlim, cujo prefeito Klaus Wowereit é homossexual assumido, prometeu doar o terreno para a obra.

Os governistas justificaram que a autorização do Parlamento, em 1999, para a construção do Monumento do Holocausto incluiu também outras vítimas do nazismo. A deputada e ex-presidente do Partido Verde, Claudia Roth, e o seu colega Volker Beck argumentaram ainda que as vítimas homossexuais foram pouco levadas em consideração até agora. Por outro lado, os conservadores cristãos acham que a decisão do Parlamentou não inclui automaticamente outros grupos de vítimas dos nazistas.