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Bento 16

22 de novembro de 2010

Diversas organizações internacionais saudaram as recentes declarações do papa Bento 16 em relação ao uso do preservativo. Diante da repercussão, a Santa Sé afirmou, no entanto, que a Igreja Católica não mudou sua linha.

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Bento 16: 'Sexualidade mais humana'Foto: picture alliance/dpa

As recentes declarações do papa Bento 16 sobre o uso do preservativo foram bem-recebidas pela comunidade internacional. Organizações de defesa da saúde saúdam o fato de, pela primeira vez na história da Igreja Católica, um líder ter se posicionado de forma menos radical contra o método anticoncepcional.

Num livro de entrevistas que será lançado nesta quarta-feira (24/11), Bento 16 diz considerar aceitável o uso de preservativos em "alguns casos", com o objetivo de reduzir o risco de infecção pelo HIV.

Quando perguntado se a posição da Igreja Católica não seria fundamentalmente contrária ao uso do método, o papa explicou que "é claro que isso não é visto como uma solução real e moral".

Bento 16 usou o exemplo da prostituição masculina para ilustrar sua posição. "Em certos casos, quando a intenção é reduzir o risco de infecção, ele [o uso do preservativo] pode ser, todavia, o primeiro passo rumo a uma sexualidade mais humana", argumentou o papa.

Segundo Bento 16, esse caso individual pode ser "a primeira parte de um ato de responsabilidade para uma reformulação da compreensão de que nem tudo é permitido e que não se pode fazer tudo o que se deseja".

Organizações saúdam declarações

Nesta segunda-feira (22/11), a Organização Mundial da Saúde (OMS) considerou uma "boa notícia" para o trabalho da instituição o fato de o papa considerar o uso de preservativo, mesmo que numa situação específica.

O programa Unaids das Nações Unidas também elogiou Bento 16 pelo avanço significativo e positivo do Vaticano. "Esse avanço reconhece que o comportamento sexual responsável e o uso de preservativo têm papéis importantes na prevenção do HIV", disse Michel Sidibe, diretor-executivo do programa de combate à aids da ONU.

Na Alemanha, a organização humanitária Aids-Hilfe e os porta-vozes de assuntos político-eclesiásticos das bancadas dos diversos partidos no Parlamento alemão saudaram a fala de Bento 16.

Repercussão no Vaticano

Diante da reação de diversas instituições mundiais, o Vaticano amenizou, ainda na noite de domingo, as declarações do líder da Igreja Católica. "Não se trata de uma revolução", disse Federico Lombardi, diretor do serviço de imprensa da Santa Sé.

Segundo a interpretação do Vaticano, a posição expressa por Bento 16 não sinaliza qualquer mudança na Igreja Católica. "O papa não está reformando a linha da Igreja, mas está reforçando-a ao defender a sexualidade humana como expressão de amor e responsabilidade", disse Lombardi.

O livro

O autor alemão Peter Seewald reuniu uma série de entrevistas de Bento 16 no livro Licht der Welt: Der Papst, die Kirche und die Zeichen der Zeit (Luz do mundo. O papa, a Igreja e os sinais dos tempos). Os comentários do líder católico foram registrados em sua língua nativa, o alemão.

As declarações de Bento 16 foram publicadas no último sábado no jornal do Vaticano Osservatore Romano, que deu uma prévia sobre o conteúdo do livro de entrevistas do jornalista alemão.

Seewald, que já trabalhou para a revista Der Speigel e para o jornal Suddeutsche Zeitung, é antigo conhecido de Joseph Ratzinger, agora Bento 16. O autor já publicou outros livros de conteúdo religioso. As entrevistas com Bento 16 foram feitas em julho último, na residência de verão do papa em Castel Gandolfo.

NP/dpa/afp/epd
Rvisão: Carlos Albuquerque