Deborah Colker: "respiração presa"

"Frente a um espetáculo de Deborah Colker, o espectador se senta sempre na ponta da cadeira, como às beiras da porta lateral de um avião. Com a respiração presa, prestes a pular. A impressão ótica é tão intensa como no cinema tridimensional, onde é possível sentir o vento contrário na própria pele. A maioria dos programadores de festivais por aqui não estão acostumados a tamanha tensão, por isso a Companhia de Dança de Deborah Colker só havia sido vista até hoje na Kampnagelfabrik, de Hamburgo. Caso tenha se aprendido com Brecht a achar todo sentimentalismo nocivo, então o método brasileiro parecerá inadmissível. Mas quando não se vê a dança como uma forma exacerbada da encenação, atribuindo a ela um efeito que mais se assemelha ao esporte ou à música, então chega-se inevitavelmente à conclusão de que a carioca Deborah Colker, de 43 anos, é uma das coreógrafas mais interessantes dos dias de hoje."

(Die Zeit, 06/05/04)