De volta ao mundo das festas
25 de abril de 2003Jürgen Hahnel, de 40 anos, está de volta à Alemanha desde 5 de abril, após ter passado seis semanas no Iraque na condição de escudo humano. Ao lado de 12 outros estrangeiros da África do Sul, Turquia, Austrália, Estados Unidos, Grã-Bretanha e Espanha, ele suportou a tensão do período que antecedeu o início da guerra e as primeiras semanas das operações militares, numa refinaria de petróleo em Bagdá. A intenção dos voluntários era proteger as instalações, enquanto tudo desmoronava progressivamente à sua volta.
Gratidão e desconfiança — O início dos ataques aéreos a 20 de março foram um choque não só para ele, como também para os três mil operários da refinaria, que até o último minuto tinham mantido a esperança de que a guerra não aconteceria.
Quanto à presença dos estrangeiros que queriam protegê-los, alguns trabalhadores mostravam-se gratos — conta Hahnel — outros, porém, desconfiança. Mas ninguém era tão desconfiado como os integrantes da Organização para a Amizade, a Paz e a Solidariedade, na verdade agentes secretos disfarçados. "Eles quase não chamavam a atenção, sempre bem vestidos de terno e gravata, bem diferentes das roupas que os outros usavam", relata Hahnel irônico.
Os agentes da amizade até lhe deram uma certidão de agradecimento pelo seu empenho. E, ao mesmo tempo, lhe comunicaram que ele deveria deixar o Iraque até a manhã seguinte, por representar um risco para a segurança do país.
Depois de uma viagem de 26 horas de táxi, ele chegou à Jordânia, de onde retornou à Alemanha, para Tübingen, sua cidade. Desde então, ainda não se acostumou que aqui o consumo e as festas continuem, quase como se nada houvesse acontecido.
Mas Jürgen Hahnel não tem pressa para se readaptar. Homem simples, ele ainda tem algumas economias, com as quais pode viver uns tempos, ainda que modestamente.