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De malas prontas

lk22 de abril de 2003

Iraquianos vivendo no exílio alemão esperam ansiosos a retomada dos vôos para Bagdá, a fim de retornar à pátria e participar de sua reconstrução.

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O desejo de participar da reconstrução é grande entre iraquianos exiladosFoto: AP

O receio de retornar a uma pátria que se tornou estranha, depois de anos e até décadas no exílio, é comum às pessoas que precisaram deixar seu país por motivos políticos ou religiosos, buscando abrigo em outra parte do mundo. Para quem formou família no novo país, com filhos que nem sequer conhecem a pátria dos pais, a situação fica mais difícil ainda.

A insegurança da atual situação política no Iraque é um fator que leva muitos iraquianos exilados na Alemanha a adiar a decisão de voltar. Já entre outros, o desejo de participar da reconstrução da pátria parece prevalecer. Muitos esperam praticamente de malas prontas que os vôos para Bagdá sejam retomados, para viajar à pátria.

Voltar definitivamente...

O médico Ghalib Al-Ani, que precisou deixar o Iraque há 23 anos e está estabelecido em Hamburgo, é um exemplo. Ele não apenas se prepara para retornar — e até entrou em contato com o Ministério alemão das Relações Exteriores, na tentativa de agilizar o processo —, como também escreveu um manifesto a "todos os iraquianos na Alemanha e à opinião pública européia", exortando-os a voltar. "O Iraque precisa de todas as mãos habilidosas, o mais rapidamente possível", argumenta.

Se seus planos derem certo, Al-Ani pretende estar em Bagdá em fins de maio, o mais tardar no começo de junho, para preparar a mudança de volta. Antes de ter de sair do Iraque, ele tinha uma posição de chefia na clínica universitária da capital e atuava numa organização de defesa dos direitos humanos.

... ou viver entre os dois mundos

O negociante Hamid Goorab, que vive igualmente em Hamburgo, espera também ansioso pelo restabelecimento da conexão aérea com o Iraque. Curdo xiita que nunca deixou de lado sua atuação política, Goorab não pretende, porém, voltar definitivamente. Quer primeiro reencontrar familiares e amigos, estabelecer contatos no mundo dos negócios e organizar a representação política de sua comunidade étnico-religiosa no Iraque do pós-guerra.

Como acha importante planejar o retorno com calma, vê para si a possibilidade de viver uns tempos entre o Iraque e a Alemanha como homem de negócios. Ao governo alemão, ele apela que conceda aos iraquianos exilados no país tempo para prepararem seu retorno sem precipitação e sem a ameaça de terem suas permissões de permanência suspensas.

Afegãos hesitam

Somente o tempo dirá se a decisão de retornar à pátria se manterá, passada a euforia inicial causada pela queda do regime de Saddam Hussein. O exemplo dos afegãos, pelo menos, não é muito animador. Dos 100 mil afegãos que se refugiaram na Alemanha, apenas algumas centenas voltaram à pátria depois da derrocada do regime talibã, há um ano e meio.

Vale dizer que as perspectivas no Iraque são incomparavelmente melhores: as reservas de petróleo prometem receitas. E, com suas escolas, universidades e hospitais, o Iraque dispõe de uma infra-estrutura inexistente no Afeganistão depois de 23 anos de guerra civil.