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Cuidado, o chefe está de olho!

(ms)28 de julho de 2003

Para controlar melhor as atividades durante o expediente, muitas empresas alemãs usam programas de computação automática, que registram tudo às escondidas.

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Foto: AP

Na Alemanha, a espionagem sistemática de funcionários é proibida. Somente em casos de suspeita concreta, como por exemplo quando o dinheiro em caixa nunca confere com as vendas, é permitido fazer uma observação oculta. Mesmo assim, apenas por tempo limitado.

Em plena era da informática, controlar quantas vezes o funcionário fuma um cigarro no corredor ou fica sentado na cantina deixou de ser a maior preocupação dos chefes. O grande dilema do momento é ter a certeza de que todos os que estão teclando na frente do computador realmente executam tarefas para a empresa e não ficam tratando de assuntos particulares.

Na Alemanha, pelo menos 60% das pessoas que trabalham em escritórios fazem uso privado da internet em serviço, mandando e-mails, participando de jogos eletrônicos ou mesmo baixando músicas.

Espionagem em alta

De acordo com especialistas em comércio eletrônico, para as firmas alemãs tal prática representa um prejuízo de cerca de 52 bilhões de euros por ano. Não é de se admirar que os empresários tenham um interesse cada vez maior em supervisionar seus subalternos e se sintam motivados a adquirir softwares modernos, que arquivam secretamente os sites que são acessados.

Estima-se que 10% dos chefes controlam os e-mails de seus funcionários sem que eles saibam. Como não existe uma regulamentação a respeito, algumas empresas tentam chegar a um acordo interno sobre o uso da internet em serviço, muitas vezes sem a garantia de que o combinado será respeitado. Outras, mais radicais, proíbem categoricamente qualquer atividade particular em serviço.

Proteção à privacidade

Os sindicatos alemães consideram a espionagem uma invasão da esfera íntima do funcionário e exigem a elaboração de uma lei de proteção à privacidade dos empregados que regulamente a questão. Enquanto isso não ocorre, as empresas deveriam chegar a um consenso interno, que seja adequado e tolerante.

O presidente do sindicato Verdi, Franz Treml, lembrou que a proibição rigorosa do uso privado da internet no trabalho é impraticável e contraproducente. Recentemente, o sindicato lançou uma campanha em prol dos direitos online. Através da rede, qualquer funcionário pode checar se está sendo vítima de espionagem ou se há indícios de que suas atividades estão sendo, de alguma forma, monitoradas sem seu conhecimento.

O ideal, entretanto, é que a lei de proteção à privacidade dos empregados seja elaborada e aprovada o quanto antes. As regulamentações vigentes no momento são específicas para muitos casos mas deixam lacunas em relação aos meios mais modernos de comunicação, o que permite abusos de ambos os lados.