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Jornal em crise

7 de agosto de 2009

A concorrência da internet, a crise no mercado de publicidade e, sobretudo, a perda de leitores jovens: após a morte de jornais nos EUA, diários alemães também lutam pela sobrevivência.

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Cada vez menos jovens leem jornaisFoto: dpa

Junto ao pãozinho e ao café, o jornal foi durante décadas um dos componentes preferidos do desjejum dos alemães. Agora, em virtude do boom da internet e da crise financeira global, cada vez mais ele se torna um modelo editorial fora de linha, principalmente entre os mais jovens.

Somente 4% das pessoas com menos de 20 anos na Alemanha leem hoje um dos jornais de circulação nacional, constatou assustado o jornal alemão Süddeutsche Zeitung, numa edição de maio de sua revista que trazia a tenebrosa pergunta: "Jornal para quê?".

Da crise da sobrevivência à crise existencial

Deutschland Presse Tageszeitung Süddeutsche Zeitung
Jornal para quê?Foto: picture-alliance / dpa/dpaweb

Para que servem então os jornais, se a maioria dos jovens na Alemanha prefere se informar através da internet? Na última década, a imprensa escrita perdeu um quinto de seus leitores. Devido à rápida quebra do mercado de publicidade, paira agora a ameaça de que desapareçam ainda mais clientes. Para um jornal, uma quantidade menor de anúncios publicitários significa menos dinheiro, menos matérias nas páginas e redações menores, o que implica perda quase inevitável de conteúdo qualitativo.

Trata-se de um ciclo vicioso, pois jornais menores e de pior qualidade perdem ainda mais leitores. Um fato que não impede as principais editoras de periódicos alemãs de responder à crise financeira reduzindo pessoal.

No fim de julho último, as editoras Gruner & Jahr e Axel Springer anunciaram a redução da jornada de trabalho em suas publicações. Em consequência, saíram de circulação a revista de lifestyle Vanity Fair e as publicações da Burda Amica e Tomorrow.

Principalmente o Westdeutsche Allgemeine Zeitung, o maior jornal regional da Alemanha, foi motivo de fofoca no início do ano, por ter cortado nada menos do que 289 postos de redator, além de fechar duas redações locais. Quanto maior o número de cortes nas editoras de periódicos, pior o pânico e o clima de final dos tempos entre os jornalistas.

Prognósticos apocalípticos

A notícia da supostamente inevitável morte dos jornais, que nos EUA já é realidade, já se espalhou. E, na Alemanha, os próprios editores jornalísticos, como Steffen Klusmann, editor-chefe do Financial Times Deutschland, preveem o rápido fim de sua publicação.

No começo do ano, Klusmann anunciou que o jornal diário será "eliminado em cinco a dez anos pelo IPhone". Não é de se admirar que, diante de tamanho pessimismo, alguns editores até já apelem ao Estado para que apoie financeiramente o abalado setor.

Outros, como Bernd Ziesener, editor-chefe do jornal de economia de Düsseldorf Handelsblatt, não concordam com a solução estatal – e não veem o boom da internet de forma tão dramática quanto ouros colegas.

Jornal ou internet – jornal com internet

Pois, em vez de evocar o próprio fim e encarar a internet como um concorrente perigoso do jornal, Ziesemer acredita numa possível convivência das duas mídias no futuro. Ele considera a web até mesmo uma ajuda à sobrevivência econômica do jornal, já que futuramente os jornais deverão cobrar por sua oferta na internet e recuperar o dinheiro que agora falta, devido à redução dos anúncios.

Para tal, explica Ziesemer, os editores como também as editoras de jornais e periódicos devem perder o temor que têm da internet e redescobrir seu orgulho profissional. Pois, devido à crise, tal orgulho ficou por demais abalado, embora seja o principal fator de sobrevivência do jornalismo escrito.

"Pois, colocar-se diante de um teclado e publicar qualquer matéria na internet não faz de alguém um jornalista", afirma o editor de economia, e apela a seus inseguros colegas. "Acho que deveríamos ter orgulho disso. Um artigo bem escrito – tanto faz se seja publicado no jornal ou na internet – desempenhará também no futuro um importante papel em nossa sociedade".

Autora: Gisa Funck
Revisão: Augusto Valente