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Críticas à premiê

10 de janeiro de 2010

Líderes de bancadas do partido da chefe de governo de quatro estados criticaram o estilo político da chanceler federal. O parceiro na coalizão de governo a acusa de fraqueza na liderança e oposição zomba.

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Merkel com os líderes do FDP, Guido Westerwelle (esq.), e da CSU, Horst Seehofer. Encontro no final de janeiro tratará da crise internaFoto: AP

Em artigo publicado no jornal Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung deste domingo (10/01), os líderes das bancadas da União Democrata Cristã (CDU) de Hessen, Saxônia, Turíngia e Brandemburgo, acusam Angela Merkel de ter conduzido a campanha eleitoral do ano passado não como presidente do partido, mas como chefe de governo.

"Durante a campanha eleitoral, a chanceler federal não se apresentou como principal candidata da aliança CDU/CSU, mas como chanceler à frente de uma grande coalizão [na época, com o Partido Social Democrata, SPD], diz o artigo assinado pelos políticos.

"O estilo 'presidencialista' da chanceler federal lhe trouxe grande popularidade, mas pouca identificação político-partidária", escrevem os líderes das bancadas da CDU nos estados de Hessen, Saxônia e Turíngia, Christean Wagner, Steffen Flath e Mike Mohring, assim como a vice-líder na representação estadual de Brandemburgo, Saskia Ludwig.

O termo "presidencialista" deve ser compreendido no contexto da política alemã, em que o chefe de Estado possui apenas algumas atribuições executivas, sendo antes uma figura representativa, quase simbólica.

Vitória nas urnas foi sorte?

A CDU decidiu-se claramente contra uma campanha eleitoral agressiva, reclamam os líderes estaduais. "A maioria de governo conquistada por CDU/CSU e FDP não se deveu a uma estratégia eleitoral convincente. Foi, muito mais, uma questão de sorte."

Também o Partido Liberal Democrático (FDP) criticou a falta de liderança de Merkel e exigiu que ela se imponha dentro da CDU. O vice-presidente do FDP Andreas Pinkwart disse à revista semanal Focus esperar da chanceler federal "que faça uso de sua competência como líder do partido" para destacar "dentro das próprias fileiras" a coalizão entre CDU/CSU e FDP como um projeto de futuro.

Somente assim "o coral polifônico da coalizão voltaria a soar em tom uníssono". Cornelia Pieper, também vice-presidente dos liberais, sugeriu a Merkel que chame a atenção dos que querem difamar o acordo de coalizão: "O FDP espera que ela volte tomar em suas mãos a liderança da coalizão".

O perito em política interna da bancada da CDU/CSU no parlamento, Wolfgang Bosbach, rechaça as críticas a Merkel. A chefe de governo estaria se mantendo quieta e isso seria o sensato nesta situação, disse o Bosbach neste sábado à emissora RBB-Inforadio. "Qualquer palavra dura exacerbaria a situação, em vez de acalmá-la", acrescentou.

Alívio fiscal é ponto de atrito

A coalizão alemã de governo procura consenso sobre uma série de temas. Um dos problemas centrais são as divergências de opinião sobre alívios fiscais, exigidas pelos liberais.

A crise será o tema central de uma reunião entre os presidentes nacionais da CDU, CSU e FDP marcada para o final de janeiro. Antes disso, na próxima semana, o diretório nacional da CDU se reunirá para analisar a estratégia eleitoral e o resultado da campanha eleitoral de 2009.

Há mais conflitos entre a atual coalizão de governo do que a anterior, entre CDU/CSU e social-democratas, acredita Andrea Nahles, secretária-geral do SPD. O encontro no final de janeiro será o terceiro anúncio de um suposto reinício, salientou Nahles à emissora Deutschlandfunk. Ao mesmo tempo, Merkel se cala diante das discussões, acrescentou.

De forma semelhante manifestou-se a copresidente do Partido Verde Renate Künast. "Tão caótica a coalizão vermelho-verde nunca foi", disse ao jornal Bild, referindo-se à época em que o governo alemão foi dividido entre o se partido e o Social Democrata. "Não há planos para a criação de empregos através de energias renováveis e nenhuma melhora na educação. Em vez disso, confusas promessas de alívio fiscal e presentes para hoteleiros e herdeiros ricos." Ao mesmo tempo, aumentam-se os tributos e se economiza na segurança pública, reclamou.

Autor: Oliver Samson (rw)
Revisão: Augusto Valente